Avaliação quali-quantitativa das cercas de madeiras em propriedades rurais na Caatinga do Vale do São Francisco-Bahia. Uma estratégia para o manejo e conservação.

Autores

  • Francisco de Carvalho Nogueira Júnior
  • Maria José Nascimento Soares
  • Claudio Sergio Lisi
  • Adauto Ribeiro

Palavras-chave:

Extrativismo Vegetal, Conhecimento Tradicional, Caatinga, semiárido.

Resumo

Para delimitar e cercar os espaços no uso da terra e domesticação de animais, desde os primórdios o homem tem buscado os recursos da floresta como um bem comum para tal finalidade. Durante a colonização da Caatinga a ocupação humana, que em senso comum realiza pratica de subsistência similar ao passado, como a retirada de madeira para diferentes fins, levou ao esgotamento de diversas espécies de madeira. O desenvolvimento da região semiárida do Vale São Francisco, historicamente iniciou-se com a extração de madeira, o pastoreio e depois o cultivo agrícola. As condições climáticas tornam precárias a sobrevivência e as práticas agrícolas que geralmente estão dissociados de alternativas de conservação, comprometendo a sustentabilidade local. Neste estudo avaliamos quali-quantitativamente um dos indicadores que levou ao esgotamento das espécies de madeira nativas através de medições do estado de biodegradação das cercas. Inicialmente avaliou-se a diversidade de madeiras e as praticas de seleção de árvores na construção das cercas em propriedades da região de Paulo Afonso-BA. Identificamos 8 espécies nativas e uma exótica. Observou-se que há um processo de substituição de madeira das cercas e construção pela Prosopis juliflora, uma espécie exótica. O estagio atual compromete a conservação das espécies nativas e funções ecossistêmicas e recomendamos o manejo na expansão da P. juliflora.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Alcoforado-Filho FG, Sampaio EVSB and Rodal MJN. 2003. Florística e fitossociologia de um remanescente de vegetação caducifólia espinhosa arbórea em Caruaru, Pernambuco. Acta Botânica Brasílica, 17(2):287-303.

Alvarez JA, Villagra PE, Villalba R, Cony M.A and Alberto M. 2011a. Wood productivity of Prosopis flexuosa D.C. woodlands in the central Monte: Influence of population structure and tree-growth habit. Journal of Arid Environments, 75:7-13.

Alvarez JA,Villagra PE and Villalba R. 2011b. Factors controlling deadwood availability and branch decay in two Prosopis woodlands in the Central Monte, Argentina. Forest Ecology and Management, 262:637-645.

Altieri M. 2002. Agroecologia: bases científicas para uma agricultura sustentável. Guaíba: agropecuária. 592p.

Alves MO. 1999. Agora o nordeste vai. Experiência de desenvolvimento local: o caso do município de Tejuçuoca, Ceará. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais. 136p.

Alcoforado-Filho FG, Sampaio EVSB and Rodal MJN. 2003. Florística e fitossociologia de um remanescente de vegetação caducifólia espinhosa arbórea em Caruaru, Pernambuco. Acta Botânica Brasílica, 17(2): 287-303.

Andrade LA, Fabricantel JR and Oliveira FX. 2009. Invasão biológica por Prosopis julifl ora (Sw.) DC.: impactos sobre a diversidade e a estrutura do componente arbustivo-arbóreo da caatinga no estado do Rio Grande do Norte, Brasil. Acta Botânica Brasílica, 23(4):935-943.

Araújo-Filho JA and Crispim SM. 2002. Ovinos em áreas de caatinga no Nordeste do Brasil. Embrapa, 1:1-7.

Araújo EL and Ferraz EMN. 2004. Amostragem da vegetação e índices de diversidade. In: Albuquerque UP and Lucena RFP (org.). Métodos e técnicas na pesquisa etnobotânica. NUPEEA, Livro rápido, Recife, 89-137p.

Ayuk ET. 1997. Adoption of agroforestry technology: the case of live hedges in the Central. Plateau of Burkina Faso. Agricultural Systems, 54(2):189-206.

Barros S. 1959. Cercas sertanejas: traços ecológicos do sertão pernambucano. Os Cadernos de Cultura, 117:55-58.

Big A and Balslev H. 2001. Diversity and use of palms in Zahamena, eastern Madagascar. Biodiversity and Consevation, 10:951-970.

Barros MS. 1985. Cercas sertanejas. Traços ecológicos do sertão pernambucano. 2nd ed., Recife: Secretaria de Educação, Editora Massangana 81 p.

Budowski G. 1987. Living Fences in Tropical America, a widespread agroforestry practice. In: Gholz H L (ed).. Agroforestry: realities, possibilities and potencials. Dordrecht, The Netherlands: Martinus Nijhoff, p. 169-178.

Budowski G and Russo R. 1993. Live fence posts in Costa Rica: a compilation of the farmer’s beliefs and technologies. Jounal of Sustainable Agriculture, 3:65-85.

Budowski G. 1998. Importancia, características y uso de las cercas vivas. In: Lok R (ed) Huertos caseros tradicionales da América Central: características, benefícios e importancia, desde um enfoque multidisciplinario. Turrialba: Centro Agronomico Tropical de Investigación y Ensenãnza, p. 117-127.

Camelo Filho, J. V. A Dinâmica Política, Econômica e Social do Rio São Francisco e do seu Vale. Revista do Departamento de Geografia (UFRN), v. 17, 83-93p.

Chaves EMF, Chaves EBF, Sérvio Júnior EM and Barros RFM. 2014. Conhecimento Tradicional: A Cultura das Cercas de Madeira no Piauí, Nordeste do Brasil. Revista Etnobiologia, 12(1):31-43.

Crane JC. 1945. Living fence posts in Cuba. Agriculture in the Americas, 5(2):34-38.

Drumond MA. 2000. Avaliação e identificação de ações para a conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade do bioma Caatinga. APNE. Petrolina, p. 134-176.

Farias Sobrinho DW. 2003.Viabilidade técnica e econômica do tratamento preservativo da madeira de algaroba (Prosopis juliflora (Sw) D.C.), pelo método de substituição da seiva. Dissertação de Mestrado, UFPB Campina Grande, p. 53.

Figueirôa JM, Perein FGC, Drumond M and Araújo EL. 2005. Madeireiras. In: Sampaio EVSB, Perein FGC, Figueirôa JM and Santos-Jr AGS (Orgs.). Espécies da flora nordestina de importância econômica potencial. Associação Plantas do Nordeste, Recife p. 101-133.

Ferraz JFS, Meunier IMJ and Albuquerque UP. 2005. Conhecimento sobre espécies lenhosas úteis da mata ciliar do Riacho do Navio, Floresta, Pernambuco. Zonas áridas, 9:27-29.

Gabriel VA. 2005. Uso de cercas – vivas por aves em uma paisagem fragmentada de mata atlântica semi-decídua. Dissertação de Mestrado, UEP Rio Claro, p. 77.

Girard P. 2002. Producción y uso del carbón vegetal en África. Unasylva 211(53):30-35.

Gliessman SR. 2001. Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. 2nd ed., Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, p. 653.

Harvey CA, Villanueva C, Villacís J, Chacón M, Muñoz C, López M, Ibrahim M, Gómez R, Taylor R, Martinez J, Navas A, Sáenz J, Sánchez D, Medina A, Vilchez S, Hernández B, Pérez A, Ruiz F, López F, Lang I, Kunth S and Sinclair FL. 2003. Contribuición de lãs cercas vivas a La productividad e integridad ecológica de lós paisajes agrícolas em América Central. Agroforesteria em las Américas, 10:39-40.

Harvey CA, Villanueva C, Villacís J, Chacón M, Muñoz C, López M, Ibrahim M, Gómez R, Taylor R, Martinez J, Navas A, Sáenz J, Sánchez D, Medina A, Vilchez S, Hernández B, Pérez A, Ruiz F, López F, Lang I, Kunth S and Sinclair FL. 2005. Contribution of fences to the ecological integrity of agricultural landscapes. Agriculture, Ecosystems & Environment, 111:200-230.

Lavasseur V, Djimdé M and Olivier A. 2004. Live fences in Ségou, Mali: an evaluation by their early users. Agroforestry Systems, 60:131-136.

Lima SL and Oliveira AD. 2010. As contribuições da pesquisa em educação para a produção de conhecimentos no semiárido. In: Silva CMS, Lima ES, Cantalice ML, Alencar MT and Silva WA (coords.). Semiárido Piauiense: Educação e Contexto. INSA, Triunfal Gráfica Editora, Campina Grande, p. 121.

Mattos PP, Braz EM, Domene VD, Sampaio EVSB, Gasson P, Pareyn FGC, Alvarez IA, Baracat A and Araújo EL. 2015. Climate-tree growth relationships of Mimosa tenuiflora in seasonally dry tropical forest, Brazil. Cerne, 21(1):141-149.

Mintz SW. 1962. Living fence in the Fonde-Des-Nègres region, Haiti. Economic Botany, 16:101-105.

Nascimento VT. 2007. Estratégias rurais de uso e manejo de plantas para a construção de cercas em uma área de caatinga no município de Caruaru, Pernambuco. Dissertação de Mestrado, UFRPE, Pernambuco, p. 101.

Nascimento VT, Souza LG, Alves AGC, Araújo EL and Albuquerque UP. 2009. Rural fences in agricultural landscapes and their conservation role in an area of caatinga (dryland vegetation) in Northeast Brazil. Environ Dev Sustain, 11:1005-1029.

Pegado CMA, Andrade LA, Félix LP and Pereira MP. 2006. Efeitos da invasão biológica de algaroba - Prosopis juliflora (Sw.) DC. Sobre a composição e a estrutura do estrato arbustivo-arbóreo da caatinga no Município de Monteiro, PB, Brasil. Acta Botânica Brasílica, 20(4):887-898.

Reyes SA and Rosado IC. 1999. Plantas utilizadas como cercas vivas em El estado de Veracruz. Madera y Bosques, 6(1):55-71.

Ribaski J, Lima PCF, Oliveira VR and Drumond MA. 2003. Sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia) Árvore de Múltiplo uso no Brasil. EMBRAPA, Colombo, p. 4.

Rocha MFV. 2011. Influência do espaçamento e da idade nas propriedades energéticas da madeira de Eucalyptus grandis x Eucalyptus camaldulensis. Dissertação de Mestrado, UFV, Viçosa, p. 69.

Rodal MJN, Sampaio EVS and Figueiredo MA. 1992. Manual sobre métodos de estudo florístico e fitossociológico-ecossistema caatinga. Sociedade Botânica do Brasil, Brasília, p. 28.

Sampaio EVSB. 1996. Fitossociologia. In: Sampaio EVSB, Mayo SJ, Barbosa MRV (Eds.). Pesquisas botânicas Nordestinas: Progresso e perspectivas. Sociedade Botânica do Brasil/Seção Regional Pernambuco, Recife, p. 203-224.

Sampaio Y and Mazza JE. 2000. Diversidade sócio econômica e pressão antrópica na Caatinga nordestina. In: Silva JMC, TabarellI M (Coords.). Workshop Avaliação e identificação de ações prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade do bioma Caatinga, p. 2-8.

Sauer JD. 1979. Living fences in Costa Rica Agriculture. Turrialba, 29(4): 225-261.

Sidersky P, Jalfim F and Rufino E. 2008. Combate à pobreza rural e sustentabilidade no semiárido nordestino: a experiência do projeto Dom Helder Camara. Revista Agriculturas, 5(4):23-28.

Silva VA and Albuquerque UP. 2004. Técnicas para análise de dados etnobotânicos. In: Albuquerque UP and Lucena RFP (Orgs.). Métodos e técnicas na pesquisa etnobotânica. NUPEEA/Livro rápido, Recife, p. 63-88.

Trugilho PF, Lima JT and Mendes LM. 1996. Influência da idade nas características físico-químicas da madeira de Eucalyptus saligna. Cerne, 2(1):94-111.

Vázquez DP, Alvarez JA, Debandi G, Aranibar JN and Villagra PE. 2011. Ecological consequences of dead wood extraction in an arid ecosystem. Basic and Applied Ecology, 12:722-732.

Zar JH. 1996. Biostatistical analysis. Prentice Hall, New Jersey, p. 663.

Downloads

Publicado

2016-12-30

Como Citar

JÚNIOR, F. de C. N.; SOARES, M. J. N.; LISI, C. S.; RIBEIRO, A. Avaliação quali-quantitativa das cercas de madeiras em propriedades rurais na Caatinga do Vale do São Francisco-Bahia. Uma estratégia para o manejo e conservação. Gaia Scientia, [S. l.], v. 10, n. 4, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/gaia/article/view/33244. Acesso em: 22 dez. 2024.

Edição

Seção

Ciências Ambientais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)