Tolerância ao glifosato e resistência a antibióticos em bactérias gram negativas isoladas de solos de diferentes sistemas de manejo agrícola no Ceará, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1981-1268.2021v15n2.53654Resumo
O Brasil está entre os maiores consumidores de pesticidas do mundo e o glifosato (GLI) é um dos herbicidas mais comercializados no país. Estudos mostraram que microrganismos expostos a pesticidas sofrem pressão seletiva, desenvolvendo tolerância a pesticidas e resistência a antibióticos (ABs), fenômeno conhecido como “resistência cruzada”. Este trabalho objetivou avaliar a tolerância ao GLI e resistência a ABs em bactérias isoladas de diferentes sistemas agrícolas do Ceará, Brasil. As bactérias Gram negativas isoladas no sistema agroflorestal (S1), convencional (S2) e solo sem cultivo (S3) foram cultivadas na presença de 1,6% do ácido GLI. Foram isoladas 58 cepas. Os solos S1 e S2 apresentaram várias cepas multirresistentes a drogas (MRD), sendo a maioria resistente à ampicilina. Apesar da detecção de pequena porcentagem de cepas resistentes ao ertapenem (33%, solo S1), a presença delas foi preocupante, visto que as Carbapenemas são usadas para o tratamento de casos clínicos envolvendo bactérias MRD, que não são comuns fora do ambiente hospitalar. Stenotrophomonas maltophilia (solo S2) apresentou resistência a 6 dos 8 ABs testados e foi identificada por espectrometria de massas MALDI-TOF, sendo encontrada como uma das espécies oportunistas mais comuns em UTIs de hospitais do Ceará.