PERFORMANCE E PERFORMATIVIDADE: APROXIMAÇÕES ENTRE JUDITH BUTLER E J. L. AUSTIN
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1983-9979.2021v16n2.58805Palavras-chave:
J. L. Austin., Judith Butler., Pragmática., Gênero., Performatividade.Resumo
Por muito tempo, John Searle manteve o monopólio interpretativo sobre a teoria dos atos de fala de J. L. Austin, resultando em uma pragmática incapaz de abarcar as rupturas trazidas pelas proposições austinianas sobre como fazemos coisas com as palavras. Atendendo ao chamado de Rajagopalan por uma pragmática socialmente relevante e socialmente engajada, o presente trabalho realiza uma aproximação entre a teoria dos atos de fala como proposta por J. L. Austin e o conceito de performatividade do gênero apresentado por Judith Butler, como forma tanto de melhor compreender a forma como Butler articula a questão da linguagem em sua visão do sujeito quanto de explorar um desdobramento da teoria dos atos de fala talvez jamais imaginado por seu autor. Para tanto, primeiramente revisitamos a teoria dos atos de fala como proposta por Austin; em seguida, dá-se uma visão geral da concepção de gênero como performativo, conforme proposto por Butler; por fim, propõe-se que uma aproximação entre ambos os filósofos, aparentemente situados em campos tão distintos da filosofia, possibilita uma melhor compreensão do gênero como produto de uma linguagem que age sobre e através de indivíduos, delineando, de certa forma, os contornos de sua existência social. Esperamos, através desta discussão teórica, estabelecer um caminho produtivo para se pensar a disciplina da pragmática como sempre consciente e informada pelos desdobramentos sociais da linguagem, de forma a ir além dos esforços descritivistas das leituras canonizadas da filosofia de Austin.