AS VOZES EXTERNAS E INTERNAS PRESENTES NAS CHARGES SOBRE AS ELEIÇÕES BRASILEIRAS DE 2018

Resumo

Nosso trabalho é fruto de uma investigação (dissertação de mestrado subvencionada pela CAPES) que analisou como a coocorrência de fenômenos argumentativos foi utilizada para dar direcionamento discursivo a  textos de charges políticas sobre as eleições brasileiras do ano de 2018. Neste artigo, especificamente, apresentamos um recorte dos resultados que obtivemos acerca do fenômeno da polifonia de locutores em um corpus de aproximadamente 118 charges coletadas nos portais eletrônicos de jornais brasileiros e no portal Chargeonline. Nossa investigação é de natureza descritiva e qualitativa, porquanto objetiva analisar de que modo a polifonia ativada tanto por vozes externas quanto por vozes internas funciona como estratégia construtora da argumentação dentro do gênero charge. Esse trabalho assume, também, caráter qualitativo, porquanto analisa os dados catalogados a partir dos estudos sobre argumentação feitos pelos seguintes teóricos: Ducrot (1987; 1988); Nascimento (2015); Bakhtin (2002); entre outros. A hipótese que defendemos é que, por fazer referência a textos jornalísticos e estabelecer relação com os acontecimentos neles reportados, a polifonia é um elemento constitutivo do estilo linguístico do gênero charge. Dessa forma, ao aludir a fatos ocorridos, o locutor-chargista lança mão da polifonia de locutores para introduzir as vozes de sujeitos envolvidos direta ou indiretamente com a questão abordada. Ao recuperar as vozes de determinados personagens, como políticos ou de figuras públicas, ele acaba assumindo certos posicionamentos, que vão da simples apresentação até o total rechaço combinado com ironização, criando uma espécie de diálogo complexo dentro do espaço enunciativo da charge entre as vozes dos locutores internos, as vozes dos locutores externos e a voz do próprio locutor-chargista.