A MATERIALIZAÇÃO DE CRENÇAS LINGUÍSTICAS NA COMPOSIÇÃO DA PAISAGEM LINGUÍSTICA DE CARDÁPIO DE BAR
Um estudo de caso
Palavras-chave:
Política linguística., Crenças linguísticas., Cardápio., Línguas estrangeiras.Resumo
A pluralidade de línguas se faz cada vez mais presente na sociedade, especialmente devido à globalização, o que afeta não apenas as políticas linguísticas educacionais, mas a forma como os indivíduos interagem entre si por meio dessa diversidade linguística. Considerando tal realidade, este trabalho busca ampliar a discussão de Nascimento e Silva (2021) e tem como principal objetivo compreender como as crenças linguísticas de donos de bar se materializam no gênero textual cardápio. Para isso, fundamentamo-nos nos pressupostos teórico-metodológicos da Política Linguística, especificamente sobre crenças linguísticas (Spolsky, 2004; 2009). Em relação aos aspectos metodológicos, esta é uma pesquisa qualitativa (Denzin; Lincoln, 2006) de cunho interpretativista (Lin, 2015) e se configura como um estudo de caso (Gil, 2008), visto que analisamos e comparamos um cardápio de bar e um questionário escrito virtual, o qual foi respondido por uma das donas de um bar localizado na cidade de João Pessoa-PB. Por meio deste estudo foi possível constatar que o uso de línguas estrangeiras, com predomínio da língua inglesa, se faz presente na elaboração do cardápio, gênero textual influenciado pelo domínio público do bar, bem como pelo domínio da área da Gastronomia. As crenças linguísticas que estão por trás desse uso são três: língua estrangeira como forma de representação identitária de estabelecimentos comerciais, de acordo com o segmento; como forma de representação da diversidade cultural; e como forma de respeito à cultura de origem de um produto. Também foi possível verificar que a língua portuguesa foi utilizada como meio de identificar a própria origem do estabelecimento, a qual é brasileira. Tais dados comprovam tanto o grande impacto da globalização na pluralidade linguística, quanto o fato de que os usos linguísticos têm como principal intuito atender aos propósitos comunicativos dos falantes e dos grupos sociais nos quais estão inseridos.