“O EXÉRCITO DE UM HOMEM SÓ”: A AFIRMAÇÃO DA IDENTIDADE GAÚCHA NA OBRA DE HUMBERTO GESSINGER

Resumo

O presente artigo tem como objetivo analisar a afirmação da identidade gaúcha na obra do cantor e compositor Humberto Gessinger, líder e único remanescente da banda Engenheiros do Hawaii. Considerando essa banda como a única gaúcha a fazer parte do rol das grandes bandas do Brock dos anos 1980, procuraremos mostrar que o autor sentiria a necessidade de mostrar ao restante do país essa identidade própria do estado do Rio Grande do sul. Também será discutida a ambígua relação do compositor com a cidade de Porto Alegre, tida como de “amor e ódio”, já que o autor a considera provinciana ao mesmo tempo em que para ele ainda é a melhor cidade para se viver. Essas preocupações se mostram latentes em toda a obra do autor, pelo menos até o ano de 1999, quando ele se reestabelece na cidade natal. Tomaremos como referencial teórico obras provenientes da Nova História Cultural e suas renovações analíticas no tocante à temática das cidades como produtoras de práticas e sociabilidades, e que também passam a considerar a música como importante fonte histórica, tais como a de Margareth Rago e Sandra Pesavento. Como fontes são utilizadas, além das canções da banda e da autobiografia de Gessinger, Pra ser Sincero – 123 variações sobre um mesmo tema, algumas capas, fotografias e artes gráficas dos encartes dos álbuns, como forma de salientar a importância dessa fonte como auxílio para melhor se entender as composições e visão de mundo dos artistas, papéis fundamentais nos estudos históricos que utilizam a música como seu objeto.