A modéstia e a ostentação no vestuário das mulheres alforriadas na Vila de Pitangui (1750-1820)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6725.2020v25n43.52665

Palavras-chave:

Libertas, Vila de Pitangui, Vestuário, Sociedade

Resumo

O presente artigo tem como objetivo analisar de forma qualitativa o vestuário das mulheres alforriadas da vila de Pitangui, Capitania de Minas Gerais, Brasil, no período de 1750 a 1820. Através dos inventários post mortem, testamentárias e testamentos, verificamos o valor material e social dos trajes destas mulheres. Devido à representatividade e valor monetário de algumas peças deixadas, constituiu-se, em alguns casos, como herança no momento anterior à morte, doadas às outras forras, às filhas e comadres, como demonstração de afeto e gratidão. Através da investigação, notamos a valorização simbólica que as indumentárias carregavam, os valores culturais e o poderio socioeconômico de quem às vestia. Tratava-se de uma sociedade de Antigo Regime, onde as aparências tinham grande importância e atuavam como marcadores sociais. Desta forma, para as egressas do cativeiro, os trajes poderiam significar uma importante forma de afirmação da liberdade, distanciamento do passado escravista e, ainda, importante diferenciador entre cativos, libertos e livres.

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Biografia do Autor

Ana Caroline Carvalho Miranda, Universidade Federal de Juiz de Fora

Ana Caroline Carvalho Miranda é Doutoranda em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Mestra e Graduada em História pela Universidade Federal de Ouro Preto. É Membro do Laboratório de História Econômica e Social (UFJF), e do Grupo de Pesquisa Escravismo atlântico: família, riqueza e cultura (UFMG). Também é professora nas redes de ensino privada e pública no Estado de Minas Gerais. Pesquisa, atualmente, os seguintes temas: os libertos e o acesso à justiça cível; História da Justiça; Escravidão Atlântica e Antigo Regime Português.

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Publicado

2020-11-18

Como Citar

MIRANDA, A. C. C. A modéstia e a ostentação no vestuário das mulheres alforriadas na Vila de Pitangui (1750-1820). Saeculum, [S. l.], v. 25, n. 43 (jul./dez.), p. 180–194, 2020. DOI: 10.22478/ufpb.2317-6725.2020v25n43.52665. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/srh/article/view/52665. Acesso em: 29 mar. 2024.