A subalternidade impingida e a r(existência) dos serviçais no filme O som ao redor de Kleber Mendonça Filho: reflexões sobre a poética da cotidianidade no cinema brasileiro contemporâneo
Resumo
Este trabalho examina as relações de poder no filme O som ao redor de Kleber Mendonça Filho, sob o olhar da poética da cotidianidade. Estabelecem-se paralelos entre as intermitências da obra e o conceito de deslugar. Maior ênfase será dada a luta de classes gerada pela dominação patriarcal e a reflexão sobre a contemporaneidade das relações de poder, cordialidade e desigualdade vividas no cotidiano de famílias de classe média de Recife e seus serviçais. O trabalho também analisa a (in) visibilidade do sujeito subalternizado, assim como as relações pessoais como moldura de uma narrativa fílmica permeada por opressão e perplexidade onde as banalidades e a trivialidades dos vários cotidianos se entrecruzam e se reiteram em arranjos estéticos que se complementam, produzindo determinados efeitos de sentido que levam a pontos que não se resolvem na narrativa, em que ficção e realidade se entrecruzam. Nesse movimento de dentro para fora, na articulação entre o externo e o interno a consciência social é manifestada. O silêncio da resistência, em meio aos mais diversos sons do cotidiano reflete a construção da representação da subalternidade impingida. Para efetuação da análise, parto dos conceitos teóricos de Michel de Certeau, Gayatri C. Spivak, G. Bachelard e da conceituação de “deslugar’ conforme a pesquisa de Sandra Fischer em sua fala sobre o cotidiano.Palavras-chave: Cinema brasileiro. O Som ao Redor. Cinema Brasileiro - Cotidianos. Cinema - Relações de poder.
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