Áreas urbanas informais na zona leste da cidade de São Paulo
Resumo
As fotos apresentadas neste ensaio visual são de dois bairros da Zona Leste da cidade de São Paulo: a favela da Caixa-D’água, formada pela ocupação de alguns lotes de um antigo loteamento de classe média localizado na Av. Cangaíba, no distrito de Cangaíba; e o bairro da Vaquejada, que ocupa uma parcela de uma grande propriedade particular próxima à Rua Inácio Monteiro, no distrito de Cidade Tiradentes. Tais áreas urbanas passaram a existir por ocupações ou invasões de terrenos de propriedade particular. Portanto, não existem formalmente nos registros das secretarias municipais responsáveis por levar infraestrutura urbana, tal como energia elétrica, abastecimento de água, saneamento e pavimentação das ruas, apenas para dizer sobre os serviços básicos. É por meio das ações de reivindicação e suas conquistas que os moradores dos bairros informais da cidade de São Paulo agem para amenizar os processos de segregação espacial.
Como funcionária da empresa social Terra Nova Regularizações Fundiária, Laís Silveira conhecia as ocupações e possuía proximidade com os moradores convidados para realizar o presente trabalho. O objetivo foi registrar e entender como, em uma cidade tão grande como São Paulo, podíamos nos deparar com várias outras cidades, com regiões praticamente autônomas, independentes de uma estrutura central ou dos serviços urbanísticos que organizam a cidade, e que se constituíram a partir da força coletiva de seus moradores sem depender do poder estatal para conseguir o mínimo de estrutura. Nesse sentido, tomamos esses atores como realizadores da cidade em que vivem e, a partir da experiência de Pedro Andrada como fotógrafo e artista, constituímos o objeto fotográfico de maneira conjunta e coletiva, pensando em estratégias para que os moradores participassem e fotografassem a própria região que habitam. Propusemos aos moradores fazer uma caminhada e visitar os locais que eles mais frequentavam ou gostavam no bairro. Em um primeiro momento, não pedimos para que eles fotografassem também, mas ao longo de nossas caminhadas Pedro os incentivou a fotografar os lugares que indicavam.
Fotografamos com uma máquina analógica e uma lente fixa grande angular. É importante notar que a escolha do equipamento determinou em parte a característica visual desse ensaio, e que, apesar de nossa vontade em fazer com que esses registros fossem produzidos de maneira mais coletiva e orgânica, houve certa predefinição dos recursos fotográficos disponíveis, que passa pelos recursos que Pedro tem como fotógrafo do grupo. Os registros foram feitos no período de julho a outubro de 2017 em visitas pontuais aos bairros nos finais de semana.
Depois de termos revelado os filmes e digitalizados as fotos, retornamos à região para que os moradores escolhessem quais fotos entrariam na publicação. Mostramos as fotografias aos seus respectivos bairros e pedimos que os moradores escolhessem suas preferidas. Como foram selecionadas muito mais fotografias do que seria possível publicar, tomamos essa escolha como uma primeira seleção; posteriormente fizemos uma escolha final que se adequasse ao limite de dez páginas.Downloads
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