“Pandemia de narrativas”

experiências compartilhadas no Instagram

Autores

  • Daniele Borges
  • Alexsânder Nakaóka Elias
  • Amanda Dias Winter
  • Mateus Fernandes
  • Vitória de Lima Cardoso
  • Claudia Turra-Magni

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.2447-9837.2020v2n10.55929

Resumo

A ação “@pandemiadenarrativas, movida pelo grupo de pesquisa Antropoéticas[1] através do Instagram[2], surgiu em 19 de abril de 2020 devido à premência de criar um território de refúgio e compartilhamento de vivências diárias alteradas pela pandemia da Covid-19, num período trágico com características de liminaridade. Ao demonstrarem as relações entre dramas social e estético, Turner (2008) e Dawsey (2005) enfatizam como o isolamento e a vulnerabilidade, próprios da condição liminar, que marca a fase intermediária dos processos rituais, tendem a gerar comunidades de aflição.

Que grafias expressariam as experiências subjetivas deste drama social? Como uma antropologia sensível, mediada por formas expressivas, contribuiriam com um mundo em crise, externalizando inquietudes, tristeza, gritos abafados pelo isolamento? Como tais narrativas poderiam romper o silêncio e tornar-se contagiantes? Esses questionamentos nos conduziram a esta ação antropoética, via uma plataforma on line, visando reunir experiências vividas de maneiras diversas e criar vínculos afetivos como modo de resistência ao trágico dilaceramento de laços sociais.

Atualmente, com 420 seguidores, média de 84 "curtidas" diárias e comentários, o material reunido no primeiro mês nos convida a pensar e proceder de acordo com uma “antropologia da vida” (INGOLD, 2015), cujas implicações mais profundas serão consideradas futuramente, visto que a ação segue acontecendo. Optamos, aqui, por apresentar resultados parciais, em forma de ensaio visual, apoiado no princípio da “montagem” (VERTOV, 1983; BENJAMIN, 1987), através de um processo colaborativo e rizomático que valoriza gestos, emoções e resistências expressas por múltiplas “grafias” (INGOLD, 2015).

Tal como Rancière (2005), entendemos esse modo de produção do conhecimento sensível como um ato político, ético e poético - uma forma de resistência cotidiana, como propõe Scott (1990), percebida através de narrativas pungentes e simbólicas, que nos fazem apostar no “poder epidêmico” dessas imagens (DIDI-HUBERMAN, 2003).

 

 

[1] Esta ação integra o projeto de pós-doutorado de Daniele Borges Bezerra, no âmbito do grupo de pesquisa Antropoéticas, do Laboratório de Ensino Pesquisa e Produção em Antropologia da Imagem e do Som (LEPPAIS)/ Universidade Federal de Pelotas. O LEPPAIS é coordenado por Daniele Borges Bezerra e Cláudia turra Magni, Laboratório do qual todas as autoras e os autores participam.

[2] No Site de Rede Social (SRS) Instagram, os perfis são precedidos pela arrouba (@).

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Publicado

2020-11-06