O valor da queixa nos modelos compreensivos da psicopatologia
DOI:
https://doi.org/10.18012/arf.2016.38082Palavras-chave:
queixa, filosofia da psiquiatria, saúde mentalResumo
Neste trabalho procuramos compreender de que modo a queixa é articulada como sintoma na clínica, salientando a preponderância de tal “fase” para a validação epistémica e normativa dos procedimentos terapêuticos. Partindo da perspetiva da filosofia da psiquiatria, consideramos os pressupostos pré-clínicos da queixa e o contexto da sua inscrição na gramática médica, assim como os diferentes modelos compreensivos que lhe estão subjacentes. Nestes modelos, em conformidade com o auto-encerramento comunicativo dos discursos e práticas médicas, encontramos diferentes níveis de abertura às dimensões subjetiva da queixa, isto é, à biografia e vivência do paciente, mas também à experiência clínica do terapeuta. Longe de apresentar um exame exaustivo dos tipos de queixa e sua relação com a particularidade do caso (individual) e da doença mental (enquanto tipo), ensaiamos um mapeamento ou cartografia conceptual que permitirá avançar para a exploração de problemas específicos.Downloads
Referências
ANDREASEN, Nancy. DSM and the Death of Phenomenology in America: An Example of Unintended Consequences. Schizophrenia Bulletin 33 (1), pp. 108-122, 2007.
BARISON, Ferdinando. La psichiatria tra ermeneutica ed epistemologia, conversazione tenuta
nella Clinica Psichiatrica di Padova il 5 maggio 1989. Comprendre, 5, 1990. Disponível em: http://www.rivistacomprendre.org/allegati/V.4.%20Barison.pdf
BISHOP Michael A.; TROUT, J. D. Diagnostic Prediction and Prognosis: Getting from Symptom to Treatment. In: FULFORD et al. (Eds.). Oxford handbook of philosophy and psychiatry. Oxford: Oxford University Press, 2013, pp. 1023-1046.
CANGUILHEM, Georges. O normal e o patológico. Trad. Maria Barrocas, Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.
CARVALHO, Cláudio. O Problema XXX e o tratamento da condição melancólica em Aristóteles. Revista Filosófica de Coimbra, 24. (46), pp. 27-78, 2015.
CARVALHO, Cláudio. On the significance of Galen’s concept of Hegemonikon and its role in the therapy of passions. Saarbrucken: Lambert Academic Publishing, 2016.
CARVALHO, Cláudio. A linguagem cifrada da loucura criativa. As Patografias de Jaspers e os limites da observação estética. In LEÓN, Maria J.; MOURA, Vítor (Eds.), Conceitos Estéticos. II Encontro Ibérico de Estética. VN Famalicão: Húmus, 2017.
CSORDAS Thomas J.; KLEINMAN, Arthur. “The therapeutic process” In: SARGENT, Carolyn F.; JOHNSON, Thomas M. (eds.) Medical anthropology: contemporary theory and method. New_York: Praeger, 1996, pp. 3-20.
DEPRAZ, Natalie. The Surprise of Non-Sense. In: CAPPUCCIO, Massimiliano; FROESE, Tom (Eds.), Enactive Cognition at the Edge of Sense-Making. Making Sense of Non-Sense. London: Palgrave Macmillan, 2014.
FRICKER, Miranda. Epistemic Injustice. Power and the Ethics of Knowing. New York: Oxford U.P., 2007.
FUCHS, Thomas (2010). Temporality and Psychopathology. Phenomenology and the Cognitive Sciences 12(1), pp. 75–104, 2010.
FUCHS, Thomas. Brain Mythologies. Jaspers’ Critique of Reductionism from a Current Perspective. In: FUCHS, Thomas; BREYER, Thiemo; MUNDT, Christoph (Eds.). Karl Jaspers’ Philosophy and Psychopathology. Heidelberg: Springer, 2014.
FULFORD, K.W.M et at. (Eds.). Nature and Narrative: An Introduction to the New Philosophy of Psychiatry. Oxford: Oxford University Press, 2003.
FULFORD et al. (Eds.). Oxford handbook of philosophy and psychiatry. Oxford: Oxford University Press, 2013.
GALLAGHER, Shaun; ZAHAVI, Dan. The phenomenological mind: An introduction to philosophy of mind and cognitive science. London: Routledge, 2008.
GRAHAM, George; STEPHENS, G. Lynn. Philosophical psychopathology. Cambridge, Mass.: MIT Press, 1994.
GRAHAM, George. Being a Mental Disorder In: KINCAID, Harold; SULLIVAN, Jacqueline (eds.), Classifying Psychopathology Mental Kinds and Natural Kinds, Cambridge, Mass.: MIT Press, 2014, pp. 123-143.
HACKING, Ian. Rewriting the Soul: Multiple Personality and the Sciences of Memory. Princeton, N.J.: Princeton University Press, 1995.
ILLICH, Ivan. Limits to Medicine. Medical nemesis the appropriation of health. London: Calder & Boyars, 1976.
JASPERS, Karl. Strindberg und van Gogh. Versuch einer pathographischen Analyse unter vergleichender Heranziehung von Swedenborg und von Gogh. 2ª ed. Berlin: Verlag von Julius Springer, 1926.
JASPERS, Karl. Die phänomenologische Forschungsrichtung in der Psychopathologie. In: Zur Psychopathologie, Gesammelte Schriften. Berlin: Springer, 1963, pp. 314–328.
KENDLER, Kenneth. Towards a philosophical structure for psychiatry. American Journal of Psychiatry, 162, pp. 433-440, 2005.
KENDLER, Kenneth S.; ZACHAR, Peter. “The incredible insecurity of psychiatric nosology”. In: KENDLER Kenneth S.; PARNAS, Joseph (Eds.), Philosophical Issues in Psychiatry: Explanation, Phenomenology and Nosology, Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2008, pp. 368-382.
KENDLER Kenneth S.; PARNAS, Joseph (Eds.), Philosophical Issues in Psychiatry: Explanation, Phenomenology and Nosology, Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2008.
LOBO ANTUNES, João. A Nova Medicina. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2012.
LUHMANN, Niklas „Der medizinische Code“ in Id. Soziologische Aufklärung 5. Konstruktivistische Perspektiven. Opladen: Westdeutscher Verlag, 1990, pp. 183–195, p. 186.
LUHMANN, Niklas. Anspruchsinflation im Krankheitssystem: Eine Stellungnahme aus gesellschaftstheoretischer Sicht. In: HERDER-DORNEICH, Philipp; SCHULLER, Alexander (Eds.), Die Anspruchsspirale. Schicksal oder Systemdefekt. Stuttgart: Kohlhammer, 1983, pp. 28-49.
MOOIJ, Antoine. Psychiatry as a Human Science. Phenomenological, Hermeneutical and Lacanian Perspectives. Amsterdam - New York: Rodopi, 2012.
MURPHY, Dominic, Psychiatry in the Scientific Image. Cambridge, MA: MIT Press, 2006.
PARSONS, Talcott. Illness and the Role of the Physician: A Sociological Perspective. American Journal of Orthopsychiatry. 21, pp. 452–460, 1951.
REACH, Gérard. The Mental Mechanisms of Patient Adherence to Long-Term Therapies: Mind and Care. Heidelberg: Springer, 2015.
RICOEUR, Paul. Réflexion faite – Autobiographie intellectuelle. Paris: Éditions Esprit, 1995.
ROSENBERG, Charles. Our Present Complaint: American Medicine, Then and Now. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2007.
SHORTER, Edward. What Psychiatry Left Out of the DSM-5: Historical Mental Disorders Today. New York: Routledge, 2015.
SPITZER, Manfred. Why philosophy? In: Philosophy and Psychopathology. SPITZER, Manfred; MAHRER, Brendan (Eds.), New York/Heidelberg/Berlin: Springer, 1990, pp. 3-19.
SZASZ, Thomas. The myth of mental illness. American Psychologist. 15, pp. 113–18, 1960.
THOMPSON, Evan. Mind in Life: Biology, Phenomenology, and the Sciences of Mind. Cambridge: Harvard University Press,2007.
UEXKÜLL Theodor von. Biosemiotics. In: POSNER, Roland; ROBERING, Klaus; SEBEOK, Thomas A. (eds.), Semiotics: A Handbook on the Sign-Theoretic Foundations of Nature and Culture, vol. 1. Berlin: Walter de Gruyter, 1997-2002, pp. 447-457.
WAITZKIN, Howard. A Critical Theory of Medical Discourse: Ideology, Social Control, and the Processing of Social Context in Medical Encounters. Journal of Health and Social Behavior. 30, pp. 220-239, 1989.
WAKEFIELD, Jerome C. The Loss of Grief: Science and Pseudoscience in the Debate over DSM-5’s Elimination of the Bereavement Exclusion. In: DEMAZEUX, Steeves; SINGY, Patrick (Eds.) The DSM-5 in Perspective. Philosophical Reflections on the Psychiatric Babel. Dordrecht: Springer, 2015, pp. 157-178.
WENEGRAT, Brant. Theatre of disorder: Patients, doctors, and the construction of illness. Oxford: Oxford University Press, 2001.
YOUNG, Garry. Philosophical Psychopathology: Philosophy without Thought Experiments. New York: Palgrave Macmillan, 2013.
Arquivos adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Política de Direito Autoral para os itens publicados pela Revista:
1.Esta revista é regida por uma Licença da Creative Commons aplicada a revistas eletrônicas. Esta licença pode ser lida no link a seguir: Creative Commons Attribution 4.0 International (CC BY 4.0).
2.Consonante a essa politica, a revista declara que os autores são os detentores do copyright de seus artigos sem restrição, e podem depositar o pós-print de seus artigos em qualquer repositório ou site.
Política de Direito de Uso dos Metadados para informações contidas nos itens do repositório
1. Qualquer pessoa e/ou empresa pode acessar os metadados dos itens publicados gratuitamente e a qulquer tempo.
2.Os metadados podem ser usados sem licença prévia em qualquer meio, mesmo comercialmente, desde que seja oferecido um link para o OAI Identifier ou para o artigo que ele desceve, sob os termos da licença CC BY aplicada à revista.
Os autores que têm seus trabalhos publicados concordam que com todas as declarações e normas da Revista e assumem inteira responsabilidade pelas informações prestadas e ideias veiculadas em seus artigos, em conformidade com a Política de Boas Práticas da Revista.
