A racionalidade política do Édipo piedoso

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18012/arf.v8i1.56184

Palavras-chave:

Política, Polis, Racionalidade, Piedade

Resumo

Este artigo tem por objetivo examinar algumas marcas de racionalidade na figura do herói trágico sofocliano Édipo, evidenciando que a presença da piedade e o recurso aos deuses não devem ser compreendidos como irracionais. Conforme será evidenciado, não havia na polis democrática uma cisão entre a religiosidade, a política institucional e a ação política. Mais ainda, não se pode inferir que a peça Édipo em Colono seja uma mera exaltação da piedade em detrimento da razão. Com efeito, este dilema parece ser eminentemente moderno. Para evidenciar a hipótese, este artigo trata, primeiramente, do herói trágico de Sófocles, o seu caráter inovador. Após, examina-se a complementariedade entre a ordem divina e a ordem racional na polis. Por fim, evidencia-se a racionalidade política na peça Édipo em Colono, indicando que não se trata de uma peça de simples exaltação da piedade em detrimento da razão. 

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Biografia do Autor

Ricardo Manoel de Oliveira Morais, Universidade de São Paulo

Doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP). Doutor em Direito Político pela Universidade Federal de Minas Gerais (FD-UFMG). Professor de Filosofia do Direito e de Teoria da Constituição na Faculdade de Ensinos Administrativos (FEAD/MG).

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Arquivos adicionais

Publicado

2021-05-25

Como Citar

de Oliveira Morais, R. M. (2021). A racionalidade política do Édipo piedoso. Aufklärung: Revista De Filosofia, 8(1), p.121–134. https://doi.org/10.18012/arf.v8i1.56184

Edição

Seção

Artigos