Conceitos goal-derived e a tese da latência semântica
DOI:
https://doi.org/10.18012/arf.v8iesp.60024Palavras-chave:
conceitos ad hoc, relevância, esquemaResumo
Neste artigo, investigamos em que medida certas abordagens do conceito de conceito estabelecidas nas últimas décadas no âmbito das Ciências Cognitivas abrem caminho para uma reelaboração da tese da latência semântica, defendida originalmente por filósofos como Ernst Cassirer e Owen Barfield. A partir da década de 1980 do último século, Eleanor Rosch, Lakoff & Johnson, Wilson & Sperber, Lawrence Barsalou, dentre outros, vêm investigando (cada qual a seu modo), as ocorrências conversacionais de articulações de signos linguísticos a um só tempo significativas e não previstas por um código. Entendemos que a Teoria da Relevância, com seu conceito tripartite de conceito, e certas vertentes da Cognição Corporificada, com sua abordagem multimodal dos conceitos ad hoc, oferecem-nos os devidos meios para uma reabilitação da tese de que certas formas de inovação semântica não são senão fragmentos de evidências de acessos mnemônicos a conceitos formados para certos fins específicos (goal-derived) e que podem ser operatórios na vida de uma comunidade de modo velado, i.e., em condição de anonimato. Nossa hipótese de trabalho, de que a tese da latência semântica pode ser fortalecida nesses termos, tem pela frente o desafio de mostrar a viabilidade da compatibilização entre os bons insights de Wilson e Sperber, em sua Teoria da Relevância, com o modelo simulacionista de cognição situada proposto por Lawrence Barsalou, que diverge das posições intelectualistas assumidas pelos primeiros.
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