O Sacrifício em Hegel e Bataille

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18012/arf.v9iesp.62095

Palavras-chave:

Hegel, Bataille, Sacrifício

Resumo

O presente artigo visa contrapor e expor a noção de sacrifício nas filosofias da religião dos pensadores Georges Bataille (1897-1962) e Hegel (1770-1831) e suas relações, comentando como a leitura do hegelianismo feita por Alexandre Kojève (1902-1968) moldou a interpretação da filosofia de Hegel por Bataille. Bataille constrói um pensamento acerca do sacrifício que se constitui como uma resposta ao Hegel de Kojève, mais precisamente, uma forma de resistir ao trabalho da negatividade. Na leitura kojeviana de Hegel, o homem é caracterizado como uma morte que vive uma vida humana, tendo como seu guia a negatividade. O sacrifício seria a resposta a este dilaceramento, pois é nela que há o movimento pleno da morte: a sacralização de algo profano, a identificação do sacrificador com o sacrificado e o espetáculo. Entretanto, a concepção de morte em Bataille é antitética a de Hegel: este considera a morte como a detentora de sentido, ao passo que aquele a considera como a destruidora de sentido. O sacrifício em Bataille possibilitaria, assim, uma operação soberana que fugiria da sistematização, pois ele revelaria que a morte nada revela. Portanto, iremos expor a noção de sacrifício em Hegel para expor a crítica que Bataille faz ao seu sistema usando o mesmo conceito.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Pedro Antônio Gregorio de Araujo, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Mestre em Filosofia pelo Programa de Pós-Graduação da Pontíficia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS.

Referências

ARAUJO, Pedro Antônio Gregorio de. A Revolta contra a Utilidade: A Improdutividade em suas Diversas Facetas na Obra de Georges Bataille. Porto Alegre, RS: Editora Fundação Fênix, 2021.

BATAILLE, Georges. A Experiência Interior, seguida de Método de Meditação e Postscriptum 1953: Suma Ateológica, vol. I. Trad. Fernando Scheibe. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016a.

BATAILLE, Georges. A Parte Maldita, precedida de “A Noção de Dispêndio”. Trad. Júlio Castañon Guimarães. 2 ed. rev., 1 reimp. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016b.

BATAILLE, Georges. Teoria da Religião, seguida de “Esquema de uma História das Religiões”. Trad. Fernando Scheibe. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016c.

BATAILLE, Georges. Hegel, a Morte e o Sacrifício. Trad. João Camillo Penna. Alea, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 389-413, jul./dez. 2013.

BATAILLE, Georges. Sobre Nietzsche: Vontade de Chance, seguido de Memorandum; A Risada de Nietzsche; Discussão sobre o Pecado; Zaratustra e o Encantamento do Jogo: Suma Ateológica, vol. III. Trad. Fernando Scheibe. 1 ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.

BAUDRILLARD, Jean. A Troca Simbólica e a Morte. Trad. Maria Stela Gonçalves e Adail Ubirajara Sobral. São Paulo, SP: Edições Loyola, 1996.

BLANCHOT, Maurice. A Comunidade Inconfessável. Trad. Eclair Antonio Almeida Filho. Brasília: Editora Universidade de Brasília; São Paulo: Lumme Editor, 2013.

BUBBIO, Paolo Diego. Sacrifice in the post-Kantian tradition: perspectivism, intersubjectivity, and recognition. Nova Iorque: SUNY Press, 2014.

DERRIDA, Jacques. A Escritura e a Diferença. Trad. Maria Beatriz Marques Nizza da Silva, Pedro Leite Lopes e Pérola de Carvalho. 4 ed. 2 reimp. São Paulo: Perspectiva, 2014.

GIRARD, René. A Violência e o Sagrado. Trad. Martha Conceição Gambini. São Paulo: Editora Universidade Estadual Paulista, 1990.

HEGARTY, Paul. Georges Bataille: Core Cultural Theorist. Londres: SAGE, 2000.

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Fenomenologia do Espírito. Trad. Paulo Meneses. 8 ed. Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2013.

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Lectures on the Philosophy of Religion. Berkeley; Los Angeles; Londres: University of California Press, 1984a, v. 1.

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Lectures on the Philosophy of Religion. Berkeley; Los Angeles; Londres: University of California Press, 1984b, v. 3.

KOJÈVE, Alexandre. Introdução à Leitura de Hegel. Trad. Estela dos Santos Abreu. 1 ed. 1 reimp. Rio de Janeiro: Contraponto, 2014.

MBEMBE, Achille. Necropolítica: Biopoder, Soberania, Estado de Exceção, Política da Morte. Trad. Renata Santini. São Paulo: n-1 edições, 2018.

NANCY, Jean-Luc. A Comunidade Inoperada. Trad. Soraya Guimaraes Hoepfner. 1 ed. Rio de Janeiro: 7Letras, 2016.

NOYS, Benjamin. Georges Bataille: A Critical Introduction. Londres; Sterling, VA: Pluto Press, 2000.

SINNERBRINK, Robert. Hegelianismo. Trad. Fábio Creder. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.

Arquivos adicionais

Publicado

2022-04-03

Como Citar

Gregorio de Araujo, P. A. (2022). O Sacrifício em Hegel e Bataille. Aufklärung: Revista De Filosofia, 9(esp), p.109–122. https://doi.org/10.18012/arf.v9iesp.62095