O positivamente indeterminado: Símbolo como entidade de sentido aberto

Autores

  • Lucas de Lima Cavalcanti Gonçalves Universidade Federal da Paraíba

DOI:

https://doi.org/10.18012/arf.v9i3.62375

Palavras-chave:

Fenomenologia da linguagem, Símbolo, Significação, Experiência mística

Resumo

Martin Heidegger postula a recuperação da potência criativa da palavra como sendo a tarefa fundamental da fenomenologia, identificando na poesia a conservação dessa forma privilegiada de relação com a linguagem. O presente trabalho trata da linguagem como via de acesso às esferas primordiais do ser através de uma interpretação das experiências místicas como ocasiões para o rompimento do automatismo linguístico que impede ver na palavra algo além de um mero instrumento para a transmissão de informações. A partir das reflexões sobre o símbolo desenvolvidas por pensadores como Gaston Bachelard, Paul Ricoeur, Mircea Eliade e Gershom Scholem, propomos uma conceituação fenomenológica do símbolo como entidade de sentido aberto, cuja origem remete ao positivamente indeterminado que constitui o “objeto” das experiências místicas. Positivamente indeterminado é a nossa expressão para dizer o divino, interpretando-o como fonte de todo sentido que é, por isso mesmo, ausente de qualquer sentido determinado, não por uma falta, mas por um excesso de significação. O excesso de significação se apresenta, então, como a chave para uma forma de relacionamento com a palavra concebida como força de criação.

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Biografia do Autor

Lucas de Lima Cavalcanti Gonçalves, Universidade Federal da Paraíba

Licenciado em Filosofia pela Universidade Federal da Paraíba. Mestre em Filosofia pela Universidade Federal da Paraíba.

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Arquivos adicionais

Publicado

2023-01-31

Como Citar

Gonçalves, L. de L. C. (2023). O positivamente indeterminado: Símbolo como entidade de sentido aberto. Aufklärung: Revista De Filosofia, 9(3), P.97–108. https://doi.org/10.18012/arf.v9i3.62375

Edição

Seção

Artigos