Maracatu à paraibana: uma análise das reinvenções e conexões político-sociais-religiosas a partir do Pé de Elefante

Autores

  • Regina Coeli Araújo Trindade Negreiros Universidade Federal da Paraíba

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-0476.2019v9n1.44478

Palavras-chave:

Maracatu, Batuques, Música, Religiões afro-brasileiras, Paraíba

Resumo

Este trabalho teve como objetivo geral analisar o Maracatu Pé de Elefante, tido e havido como único maracatu nação da Paraíba na atualidade, e entender qual a sua relação com o terreiro Ilê Axé Xangô Ogodô e Tenda do Caboclo Sete Flechas, problematizando e analisando a questão das próprias categorias dos maracatus de baque virado, i.e., maracatus nação e batuques ou maracatus laicos, e a linha que separa essas categorias, dadas as controvérsias que geram no contexto das religiões afro-brasileiras, além de observar as conexões político-sociais-religiosas do Pé de Elefante e sua constante reinvenção e ressignificação no conjunto dos maracatus na Paraíba. Enquanto objetivos específicos, buscamos considerar, num primeiro momento, as origens do Maracatu enquanto manifestação religiosa advinda dos terreiros a partir da diáspora africana e sua propagação como manifestação cultural e como linguagem musical que transborda para fora dos terreiros. Posteriormente, tomamos como objeto de análise o Maracatu Pé de Elefante, que em 2018 completou dez anos de existência e que está situado no campo dos maracatus de baque virado e assentado no terreiro Ilê Axé Xangô Ogodô e Tenda do Caboclo Sete Flechas. Para tanto, fez-se necessário compreendermos a história e o lugar do referido terreiro, bem como a trajetória de sua liderança religiosa, Pai Beto de Xangô. A partir desse percurso, analisamos, ao final, a reinvenção e a ressignificação da tradição a partir do Pé de Elefante, traçando um paralelo com os demais baques virados presentes no estado da Paraíba, na perspectiva de dimensionar a zona fronteiriça entre estes no que tange a questão religiosa e às atividades comunitárias dentro de um contexto onde a hibridação cultural ancora e redimensiona estruturas, práticas culturais e sociais, situando, dessa forma, o Pé de Elefante na categoria de Nação de Maracatu, dada sua inserção no que tange ao ethos comunitário e ao ethos religioso. A perspectiva teórico-metodológica que orientou o trabalho foi etnográfica, compreendendo a etnografia não apenas como um método de investigação, mas também como uma perspectiva teórica. Dessa forma esta pesquisa se coloca, no âmbito das Ciências das Religiões, no campo dos estudos empíricos da religião, particularmente em diálogo com a Antropologia das Religiões. Utilizamo-nos para tal a literatura antropológica especializada, bem como recuperamos folcloristas que trataram do assunto em questão de forma pioneira. Ressaltamos ainda que a pesquisa se apresenta como uma forte contribuição a área de Ciências das Religiões, que ainda possui poucos estudos sobre essa temática, bem como para o campo de estudos afro-brasileiros, no qual a dimensão da musicalidade ainda se mostra como um aspecto profícuo de investigação. É também relevante do ponto de vista da história regional, pois diferente de Pernambuco, estado vizinho onde os maracatus são objeto de vários estudos, na Paraíba a temática ainda não foi devidamente explorada.

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Biografia do Autor

Regina Coeli Araújo Trindade Negreiros, Universidade Federal da Paraíba

Graduada em Filosofia Especialista em Gestão Pública Mestre em Ciências das Religiões

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Publicado

2019-07-30

Edição

Seção

Dissertações e Teses