UMA INTERROGAÇÃO ACERCA DA RELAÇÃO ENTRE A FILOSOFIA E AS MULHERES NA UNIVERSIDADE

Autores

  • Megue Magalhães de Andrade UnB
  • Pedro Ergnaldo Gontijo Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.7443/problemata.v11i3.53958

Palavras-chave:

Filosofia, Mulheres, Currículo

Resumo

O presente texto tem o objetivo de traçar um panorama a respeito da incidência da perspectiva de gênero no ensino de filosofia na graduação em universidades públicas brasileiras. Para isto, foi realizado um levantamento de programas de ensino de disciplinas dos cursos de filosofia de 15 universidades públicas brasileiras. Criamos 04 categorias para a análise desses programas de disciplinas, que se desenvolvem sobre os seguintes eixos: a interrogação sobre o ensino/apresentação das filósofas; sobre o ensino/apresentação de temáticas trabalhadas pela filosofia feminista na história -  tanto como tema central como secundário nos conteúdos programáticos - e sobre referências bibliográficas recomendadas nesses programas que contemplem trabalhos filosóficos e científicos de mulheres. A nossa conclusão é de que a área da filosofia ainda se apresenta resistente ao estudo ou mesmo leitura da produção filosófica realizada por mulheres. O discurso filosófico consolidado na academia tem se reproduzido, na maioria das vezes, por uma fala eminentemente masculina, disposto a pensar o mundo indiferente à participação das mulheres. Sugerimos que a maneira como se estrutura e se organiza este saber – como abstrato, universal e neutro – dificulta a entrada das questões de gênero no debate filosófico oficial.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARAÚJO, Carolina. Mulheres na Pós-Graduação em Filosofia no Brasil - 2015. Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia, 2016. Disponível em: http://anpof.org/portal/images/Documentos/ARAUJOCarolina_Artigo_2016.pdfAcesso em: 20 fevereiro 2017.

BARRETO, Andreia. A mulher no ensino superior: Distribuição e representatividade. Cadernos do GEA, v. 3, n. 6, p. 3-46, 2014.

BEEBEE, Helen; SAUL, Jenny. Women in Philosophy in the UK. BPA e SWIP. UK. 2011. Disponível em <http://www.bpa.ac.uk/resources/women-in-philosophy/wip-committee>

Acesso em 02/04/2017.

BLAY, Eva. A. Núcleos de estudos da mulher X Academia. In: BRASIL, P. D. R. S. E. D. P. Pensando gênero e ciência. Encontro Nacional de Núcleos e Grupos de Pesquisas – 2005, 2006. Brasília: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 2006.

BRASIL. Enade 2017: Exame nacional de desempenho dos estudantes: relatório síntese de área. MEC,INEP. Brasília. 2018. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/relatorio_sintese/2017/Filosofia.pdf>Acessado em 10 de julho de 2020.

______. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.INEP.Censo da Educação Superior. 2017. Documento eletrônico. Ministério da Educação. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/setembro-2018-pdf/97041-apresentac-a-o-censo-superior-u-ltimo/fileAcessado em 10 de julho de 2020.

CASTRO, Susana de. Filosofia e gênero. 7Letras, 2014.

COSTA, Marta Nunes da. Feminismo é humanismo. etic@, Florianópolis, v. 15, n. 1, p. 110-125, julho 2016.

COSTA, Ana Alice Alcântara; SARDENBERG, Cecília Maria Bacellar. Teoria e Praxis feministas na academia: os núcleos de estudos sobre a mulher nas universidades brasileiras. Revista Estudos Feministas, Rio de Janeiro, v. 2, n. especial, 2ºsem 1994.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O que é a filosofia? Editora 34, 2007.

FACINA, Adriana; SOHIET, Rachel. Gênero e Memória: Algumas reflexões. Revista Gênero: Niterói, v.5, n.1, p.9-19. 2004.

FEMENÍAS, Maria Luisa. Introducción: cuestiones preliminares. In: SPADARO, María Cristina. Enseñar Filosofia, hoy. 1ª. ed. [S.l.]: Edulp, 2012a. p. 19-48.

______. El ideal del saber sin supuestos‖ y los límites del hacer filosófico. Sapere Aude, Belo Horizonte, v. 3, n. 5, p. 7-31, 1º sem 2012b.

______. MORA: la memoria de las revistas académicas. In: FUNCK, S. B.; MINELLA, L. S.; ASSIS, G. D. O. Linguagens e narrativas. Tubarão: Copiart, v. 1(Desafios feministas), 2014.

GARGALLO, Francesca. Ideas feministas latinoamericanas. 2. ed. México: Universidad de la ciudad de México, 2006.

GOUCHA, Moufida (Ed.). Philosophy, a School of Freedom: Teaching Philosophy and Learning to Philosophize: Status and Prospects. Unesco, 2007.

GROSZ, Elizabeth. Corpos Reconfigurados. Cadernos Pagu, n. 14, p. 45-86, 2000.

HASLANGER, Sally. Changing the ideology and the Culture of Philosophy: Not by Reason(Alone). Hypathia, v. 23, n. 2, p. 210-223, 2008.

HEILBORN, Maria Luiza; SORJ, Bila. Estudos de gênero no Brasil - 1975-1995. In: MICELI, S. (org.) O que ler na ciência social brasileira (1970-1995). ANPOCS/CAPES. São Paulo: Editora Sumaré, 1999. p. 183-221.

hooks, bell. Intelectuais Negras. Revista Estudos Feministas, v. 3, n. 2, 1995.

LOMBROZO, Tania. Name five women in philosophy. Bet you can't. 2013. Disponível em <https://www.npr.org/sections/13.7/2013/06/17/192523112/name-ten-women-in-philosophy-bet-you-can-t>Acesso em 04/2017.

MASETTO, Marcos Tarciso. Competência pedagógica do professor universitário. Summus editorial, 2012.

PAXTON, Molly; FIGDOR, Carrie; TIBERIUS, Valerie. Quantifying the gender gap: An empirical study of the underrepresentation of women in philosophy. Hypatia, v. 27, n. 4, p. 949-957, 2012.

SOTERO, Edilza Correia. Transformações no acesso ao ensino superior brasileiro:Algumas implicações para diferentes grupos de cor e sexo. In: MARCONDES, M. M., et al. Dossiê mulheres negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil. Brasília: Ipea, 2013. p. 35-52.

SCHWITZGEBEL, Eric; JENNINGS, Carolyn Dicey. Women in Philosophy: Quantitative Analyses of Specialization, Prevalence, Visibility, and Generational Change. In: Women in Philosophy, 2016. Disponível em : <http://www.apaonlinecsw.org/data-on-women-in-philosophy> Acesso em 04/2017.

TIBURI, Marcia. As mulheres e a filosofia como ciência do esquecimento. In. Com Ciência, Campinas, dez.2003.

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 2009.

WAITHE, Mary Ellen. On Not Teaching the History of Philosophy. Hypatia , Indiana, USA, v. 4, n. 1, p. 132-138, 1989.

WUENSCH, Ana Míriam. O que Christine de Pizan nos faz pensar. Revista Graphos, v. 15, n. 1, 2013.

______. Acerca da existência de pensadoras no Brasil e na América Latina. Problemata, v. 6, n. 1, p. 113-150, 2015.

YANCE, George. Introduction: No Philosophical Oracle Voices. In: YANCE, G. Philosophy in Multiple Voices. Maryland: Rowman and Littlefield Publishers, 2007.

______. Situated Black Women’s Voices in/on the profession of Philosophy. Hipatya, v.23, n.2, 2008.

Downloads

Publicado

08-10-2020

Edição

Seção

ENSINO DE FILOSOFIA E QUESTÕES DE GÊNERO (2020)