HUSSERL, MILLIKAN E O INTENCIONALISMO
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v13i2.63795Palavras-chave:
Teleologia, Intencionalidade, Husserl, Millikan, Naturalização da fenomenologiaResumo
Neste artigo, trato do conceito de intencionalidade. A proposta teórica é a de contrastar as abordagens de Husserl e de Millikan, dois autores que fazem uso dessa noção, apesar de apresentarem propostas filosóficas destoantes. Em ambos os casos o conceito de intencionalidade pode ser vinculado às suas teorias semânticas, assim como a intencionalidade é associada à noção de teleologia. O conflito aqui exposto traz à tona questões referentes ao clássico debate entre intensionalismo e extensionalismo, e, no panorama teórico mais amplo trata da razoavelmente recente tentativa de naturalização da fenomenologia. Apesar de adotarem posições opostas no debate epistêmico sobre a natureza do significado, encontramos nas suas teorias semânticas elementos normativos que são, ao mesmo tempo intencionais e teleológicos. Da mesma forma, tanto na fenomenologia de Husserl quanto na biosemântica de Millikan a elaboração conceitual da intencionalidade pressupõe uma teoria da representação e a ampliação conceitual de alguns termos empregados, a fim de assegurar o caráter intersubjetivo do sentido e da significação.
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