HUSSERL, MILLIKAN E O INTENCIONALISMO

Luciane Luisa Lindenmeyer

doi:10.7443/problemata.v13i2.63795

Autores

Luciane Luisa Lindenmeyer Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) https://orcid.org/0000-0002-6386-9171

DOI:

https://doi.org/10.7443/problemata.v13i2.63795

Palavras-chave:

Teleologia, Intencionalidade, Husserl, Millikan, Naturalização da fenomenologia

Resumo

Neste artigo, trato do conceito de intencionalidade. A proposta teórica é a de contrastar as abordagens de Husserl e de Millikan, dois autores que fazem uso dessa noção, apesar de apresentarem propostas filosóficas destoantes. Em ambos os casos o conceito de intencionalidade pode ser vinculado às suas teorias semânticas, assim como a intencionalidade é associada à noção de teleologia. O conflito aqui exposto traz à tona questões referentes ao clássico debate entre intensionalismo e extensionalismo, e, no panorama teórico mais amplo trata da razoavelmente recente tentativa de naturalização da fenomenologia. Apesar de adotarem posições opostas no debate epistêmico sobre a natureza do significado, encontramos nas suas teorias semânticas elementos normativos que são, ao mesmo tempo intencionais e teleológicos. Da mesma forma, tanto na fenomenologia de Husserl quanto na biosemântica de Millikan a elaboração conceitual da intencionalidade pressupõe uma teoria da representação e a ampliação conceitual de alguns termos empregados, a fim de assegurar o caráter intersubjetivo do sentido e da significação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

BRENTANO, Franz, Psychology from an empirical standpoint. Translated by Antos C.Rancurello, D.B.Terrelland Linda L.McAlister. New York: Routledge, 2009.

CHURCHLAND, Paul M. Matéria e consciência: uma introdução contemporânea à filosofia da mente. Trad. Maria Clara Cescato. São Paulo: Editora Unesp, 2004.

DOYON, Maxime. The normative turn of perceptual intentionality and its metaphysical consequences (or why Husserl was neither a disjunctivist nor a conjunctivist). In The Husserlian Mind. Hanne Jacobs (Editor). New York: Routledge Philosophical Minds, 2022.

FUMERTON, Richard. Epistemologia. Edição digital. Trad. Sofia Inês Albornoz Stein e Ramon Felipe Wagner. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2014.

GODFREY-SMITH, Peter. Mental Representation, Naturalism,and Teleosemantics. In Teleosemantics New Philosophical Essays. Graham Macdonald and David Papineau (Editors) Oxford: Claredon Press, 2006.

HUSSERL, Edmund. A crise das ciências europeias e a fenomenologia transcendental: uma introdução à filosofia fenomenológica. De acordo com a Husserliana VI. Trad. Diogo Falcão Ferrer. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

HUSSERL, Edmund. Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica: introdução geral à fenomenologia pura. Trad. Márcio Suzuki. Aparecida, SP: Ideias e Letras, 2006.

HUSSERL, Edmund. Investigações lógicas: prolegômenos à lógica pura. Vol. I. Trad. Diogo Ferrer. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014.

HUSSERL, Edmund. Investigações lógicas: sexta investigação (elementos de uma elucidação fenomenológica do conhecimento). Coleção Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1975.

HUSSERL, Edmund. Meditações cartesianas e Conferências de Paris. De acordo com o texto da Husserliana I. Trad. Pedro M. S. Alves. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2013.

LERCLEC, André. Como ser intencionalista e disposicionalista. In: Prometheus Journal of Philosophy. Dossiê Linguagem e Cognição. Nº 33, 2020, p. 65-78. Disponível em: <https://seer.ufs.br/index.php/prometeus/article/view/13807> Acesso em 24 de Jul. 2022.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. Trad. Carlos Alberto Ribeiro de Moura. 2ª. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

MERLEAU-PONTY, Maurice. O filósofo e sua sombra. Coleção Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1975.

MIGUENS, Sofia. Dennett, Millikan e o telefuncionalismo. Revista Portuguesa de Filosofia, (1998), p. 467-509. Disponível em <https://philpapers.org/rec/MIGDME> Acesso 26 de jun. 2022.

MILLIKAN, Ruth Garret. Biosemantics. In Brian P. McLaughlin & Ansgar Beckerman (eds.), Journal of Philosophy. Oxford University Press. pp. 281--297 (1989). Disponível em < https://philpapers.org/rec/B> Access 20th Jul. 2022.

MILLIKAN, Ruth Garret. Language, a biological model. Oxford University Press, 2005.

MOURA, Carlos Alberto Ribeiro de. Crítica da razão na fenomenologia. São Paulo: Nova Stella: Editora da Universidade de São Paulo, 1989.

OLIVA, Alberto. Filosofia da Ciência. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.

OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. Reviravolta linguístico-pragmática na filosofia contemporânea. 3ª Ed. São Paulo: Edições Loyola, 2006.

RENAUDIE, Pierre-Jean. The First Breakthrough: Psychology, theory of knowledge, and phenomenology of meaning in Logical Investigations. In The Husserlian Mind. Hanne Jacobs (Editor). New York: Routledge Philosophical Minds, 2022.

SACRINI, Marcus. A cientificidade na fenomenologia de Husserl. São Paulo: Edições Loyola, 2018.

SILVA, Porfírio. Intencionalidade: mecanismo e interação. Principia 14(2): (2010), pp. 255–27.

STEIN, Sofia Inês Albornoz. Os propósitos da linguagem: a naturalização da semântica. In: SILVA, Cibelle Celestino; SALVATICO, Luis (Eds.). Filosofia e História da Ciência no Cone Sul: seleção de trabalhos do 7º Encontro da AFHIC. Porto Alegre: Entrementes Editorial, 2012. p. 536-542.

TUGENHAT, Ernest; WOLF, Ursula. Propedêutica lógico-semântica. Trad. Fernando Augusto da Rocha Rodrigues. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.