RIQUEZA DAS NECESSIDADES COMO PRESSUPOSTO DA CRÍTICA NOS MANUSCRITOS ECONÔMICO-FILOSÓFICOS

Autores

  • Paulo Denisar Fraga

DOI:

https://doi.org/10.7443/problemata.v10i4.49681

Palavras-chave:

Necessidades humanas, Estranhamento, Riqueza humana, Crítica imanente, Comunismo

Resumo

Após romper com o idealismo ativo e com a concepção positiva do Estado de Hegel, Marx iniciou uma investigação crítica sobre o terreno da sociedade civil. Os Manuscritos econômico-filosóficosregistram sua primeira crítica da economia política e a busca por uma nova teoria do ser social, onde tem lugar a famosa teoria sobre trabalho estranhado. Este artigo enfatiza a presença orientadora do problema das necessidades humanas nessa teoria e argumenta que a perspectiva das necessidades ricas constitui, como uma referência dialético-negativa, o pressuposto lógico da crítica nos Manuscritos. As necessidades possuem para Marx uma natureza histórico-infinita e material-subjetiva, apresentando uma especial configuração ontológica para uma crítica materialista de caráter imanente. Essa concepção deixa para trás o conceito econômico de riqueza e lida com uma imanência aberta para a frente, para novas necessidades. A radicalidade dessa teoria pode ser produtiva para a elaboração da crítica social movida pela diversidade do tempo presente.

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Biografia do Autor

Paulo Denisar Fraga

Professor de Filosofia da Universidade Federal de Alfenas. Doutorando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas, com estágio sanduíche realizado na Humboldt-Universität zu Berlin (Alemanha), com bolsas do CNPq e do DAAD.

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Publicado

16-12-2019