O desafio de narrar e a tarefa ética na literatura de testemunho de Primo Levi
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1807-8931.2021v17n7.60121Palavras-chave:
Literatura de testemunho, Ética, Narração, Primo Levi.Resumo
A literatura de testemunho evidencia no plano ficcional acontecimentos de ordem traumática e histórica por meio das recordações do sobrevivente, este, na posição de escritor constrói uma narrativa pungente e reflexiva no relato das experiências vividas e presenciadas. O presente estudo tem por finalidade refletir acerca da literatura do escritor italiano Primo Levi, nas obras É isto um homem? (1988), A trégua (2010), Os afogados e os sobreviventes (2004), na observação do projeto ético construído pelo autor nessas produções a partir dos conceitos filosóficos de fim da narrativa (BENJAMIN, 1987); testemunha, Muselmann (AGAMBEN, 2008); e do relato de si (BUTLER, 2017). Constatamos que a tarefa ética desenvolvida por Levi consiste em dar voz por procuração aos que não sobreviveram ao holocausto – aos impossibilitados de narrar por terem sido mortos nas câmaras de gás ou sucumbido às circunstâncias torturantes da prisão – em um movimento de reconstituição das memórias aniquiladas.