O QUE AS FLECHAS DO KYUDO E DOS POTIGUARA NOS CONTAM NO SEU TRAJETO ENTRE PASSADO E PRESENTE EM SUAS CERIMÔNIAS E RITUAIS
Resumo
Este estudo aborda, sob a perspectiva da performance, duas modalidades de prática de arqueirismo, vivenciadas a partir de dois eventos realizados na Paraíba em 2016: os IV Jogos Indígenas Potiguara, em Tramataia, localizado no município de Marcação e o XI Festival do Japão, no Espaço Cultural da Energisa, em João Pessoa. O objetivo foi de buscar compreender como as práticas do arqueirismo refletem as cosmologias destes dois povos e como estes eventos envolvem a performance que perpassa os processos identitários em suas celebrações. No caso do arqueirismo Potiguara, ele foi ritualizado em forma de competição, apresentado juntamente com outras práticas esportivas como a canoagem, a corrida de tora e as lanças, em que os praticantes usam indumentárias indicadas pelas regras dos jogos. Já a prática do arqueirismo milenar japonês (Kyudo) ocorreu como uma demonstração de sua tradição na perspectiva do Bushidô (união espírito e físico), que se afasta das técnicas de combate (Bujutsu), embora conserve as maestrias dos antigos samurais. O método etnográfico de análise situacional permitiu a descrição pontual do arqueirismo nos dois dias de eventos e assim foi possível traçar uma série de análises e reflexões sobre os problemas teóricos que envolvem os rituais, as performances e as tradições das duas culturas envolvidas.Downloads
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