Normatizações e resistência: as representações sociais sobre alimentação para bebês entre trabalhadores da saúde na atenção básica
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2447-9837.2019v1n8.38043Resumo
O objetivo do presente estudo foi identificar como trabalhadores da saúde na atenção básica, a saber, técnicas de enfermagem e agentes comunitários, elaboram o tema das práticas alimentares infantis. Teve como foco alguns aspectos da alimentação complementar como as concepções do uso do açúcar e sal na comida de bebês, bem como as principais ideias sobre alimentos capazes de prevenir a anemia, como carnes e leguminosas. Foi realizada pesquisa social com abordagem qualitativa, de caráter descritivo e analítico. A identificação e sistematização das Representações Sociais (RS), enunciadas nas entrevistas obtidas, foram operacionalizadas por meio do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Observou-se que as práticas discursivas perpassam pelas normatizações técnico-científicas apropriando-se de alguns conceitos que se mesclam ao conhecimento leigo por meio da atividade representacional. Contendo ideias que concernem à construção de uma condição de saúde para a criança, as RS conciliam um conceito de saúde constituído pelo saber biomédico, mas igualmente conflui sentidos culturalizados de corpo e comida.Downloads
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