Normatizações e resistência: as representações sociais sobre alimentação para bebês entre trabalhadores da saúde na atenção básica

Autores

  • Verônica Lima Ramos Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família, Universidade Federal do Paraná
  • Claudia Choma Bettega Almeida Universidade Federal do Paraná
  • Rubia Carla Formighieri Giordani Universidade Federal do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.2447-9837.2019v1n8.38043

Resumo

O objetivo do presente estudo foi identificar como trabalhadores da saúde na atenção básica, a saber, técnicas de enfermagem e agentes comunitários, elaboram o tema das práticas alimentares infantis. Teve como foco alguns aspectos da alimentação complementar como as concepções do uso do açúcar e sal na comida de bebês, bem como as principais ideias sobre alimentos capazes de prevenir a anemia, como carnes e leguminosas. Foi realizada pesquisa social com abordagem qualitativa, de caráter descritivo e analítico. A identificação e sistematização das Representações Sociais (RS), enunciadas nas entrevistas obtidas, foram operacionalizadas por meio do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Observou-se que as práticas discursivas perpassam pelas normatizações técnico-científicas apropriando-se de alguns conceitos que se mesclam ao conhecimento leigo por meio da atividade representacional. Contendo ideias que concernem à construção de uma condição de saúde para a criança, as RS conciliam um conceito de saúde constituído pelo saber biomédico, mas igualmente conflui sentidos culturalizados de corpo e comida. 

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Biografia do Autor

Verônica Lima Ramos, Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família, Universidade Federal do Paraná

Graduação em Nutrição, Residência em Saúde da Família pela UFPR, atualmente é nutricionista na Prefeitura Municipal de Capão Bonito, São Paulo.

Claudia Choma Bettega Almeida, Universidade Federal do Paraná

Possui graduação em Nutrição pela Universidade Federal do Paraná (1989) , especialização em Nutrição Clinica (1992) , doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Paraná (2004) e pos-doutorado pela International Agency for Research on Cancer (IARC/WHO) (2017). Atualmente é professora associada do Departamento de Nutrição e professora permanente do Programa de Pós-graduação em Alimentação e Nutriçao da Universidade Federal do Paraná. 

Rubia Carla Formighieri Giordani, Universidade Federal do Paraná

Possui mestrado e doutorado em Sociologia pela UFPR e é doutora em Etnologia pela Université Paris Ouest Nanterre. É professora do Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Paraná e pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Sociologia da Saúde/UFPR-CNPq. 

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Publicado

2019-07-31

Edição

Seção

Dossiê Antropologia com bebês e suas cuidadoras (8ª edição)