Tecendo opiniões: o discurso do trabalho entre ciganos e não ciganos.
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2447-9837.2018v2n7.39515Resumo
O presente artigo é parte de uma pesquisa bibliográfica de Mestrado em Serviço Social, sobre grupos ciganos e sua perspectiva de trabalho formal, concluída em 2017, e que foi motivada pelos resultados de dois anos de pesquisa de campo entre ciganos do Estado da Paraíba. Desta forma, partimos da observação de um conjunto de fatores condicionantes e determinantes do declínio profissional imposto pelos não ciganos aos ciganos, o que moldou forçosamente seus hábitos de trabalho. Para chegarmos aos resultados dessa observação, nossa metodologia consistiu no cruzamento de diversas narrativas e metanarrativas expostas em diversos textos e trabalhos etnográficos de vários pesquisadores do Brasil, Portugal e Espanha. Portanto, nossa análise teve como finalidade contribuir para o debate acerca da formação de um discurso de trabalho que privilegie a etnicidade dos ciganos Calon do Brasil.
Downloads
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA. Convenção para a grafia de nomes tribais. Revista de Antropologia, São Paulo, n. 2, v. 2, p. 150-152, 1954.
ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias. Brasília: Câmara dos Deputados/Edições Câmara, 2011.
BAREICHA, Luciana Câmara Fernandes. Educação e exclusão social: educação perspectiva dos ciganos e dos não-ciganos. 2013. 400 f. Tese (Doutorado). Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade de Brasília. Faculdade de Educação, Brasília, 2013.
BARTH, Fredrik. (Org). Grupos étnicos e suas fronteiras: a organização da cultura das diferenças culturais. Boston: Little Brow & Co, 1969.
BONOMO, Mariana; SOUZA, Lídio de; BRASIL, Júlia Alves; LIVRAMENTO, André Mota do; CANAL, Fabiana Davel. Gadjés em tendas Calons: um estudo exploratório com grupos ciganos semi-nômades em território capixaba. Pesquisas e Práticas Psicossociais, São João del-Rei, v. 4, n. 2, jul. 2010.
BORGES, Isabel Cristina Medeiros Mattos. Cidades de portas fechadas: a intolerância contra os ciganos na organização urbana na primeira república. 128 f. Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal De Juiz De Fora, Juiz de Fora, 2007.
BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH). Povo Cigano – o direito em suas mãos – Brasília: SEDH, 2007. Disponível em: <http://static.paraiba.pb.gov.br/2016/05/cartilha-ciganos.pdf>. Acesso em: 02 nov. 2018.
________. Ministério da Saúde. Subsídios para o Cuidado à Saúde do Povo Cigano. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. 44 p.
BRESCIANI, Maria Stella Martins. Londres e paris no século XIX: o espetáculo da pobreza. 5 ed. São Paulo: Brasiliense, 1985. (Coleção tudo é história, n. 52).
CASA-NOVA, Maria José. Ciganos, escola e mercado de trabalho. Revista Galego-Portuguesa de Psicoloxia e Educación, Corunha, n. 8, v. 10, p. 252-268, 2003.
DANTAS, José Aclecio. Dissimetria entre o hábito cigano do mercado e o trabalho formalizado: encontros e desencontros. 255 f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) – Programa de Pós-Graduação em Serviço social, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2017.
ENGELS, Friederich. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. Tradução de Analia C. Torres. Porto: Afrontamentos, 1975.
________. Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem, pp. 61-74. In: MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Textos. Volume 1. São Paulo: Edições Sociais, 1977.
FAZITO, Dimitri de Almeida Rezende. Transnacionalismo e etnicidade: a construção simbólica do Romanesthàn (Nação Cigana). 189 f. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Departamento de Sociologia e Antropologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2000.
FERRARI, Florencia. Figura e fundo no pensamento cigano contra o Estado. Revista de antropologia, São Paulo, v. 54 n. 2, p. 715-745, 2011.
FRASER, Angus. The Gypsies. Oxford: Blackwell Publishers, 1992.
FSG - Fundación Secretariado Gitano. Guia para a Intervenção com a Comunidade Cigana nos Serviços de Saúde. Madrid, 2007.
GARCÍA Humberto; ADROHER, Salomé; BLANCO, María Rosa. Minorías étnicas. Gitanos e inmigrantes. Madrid: Editorial CCS, 1996. 196 p.
GARDNER, Howard. Estruturas da mente: a Teoria das Múltiplas Inteligências. Porto Alegre: Artes Médicas, c1994[1983].
GASPAR, Lúcia. Ciganos no Brasil. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife, 2012. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=914:ciganos-no-brasil&catid=38:letra-c >. Acesso em: 02 dez. 2018.
GASPARET, Murialdo. O rosto de Deus na cultura milenar dos ciganos. São Paulo: Paulinas, 1999.
GOLDFARB, Maria Patrícia Lopes. O “tempo de atrás”: um estudo da construção da identidade cigana em Sousa – PB. Tese (Doutorado em Sociologia) – Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2004.
________. Memória e Etnicidade entre os Ciganos Calon em Sousa-PB. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2013. (Coleção Humanidades).
GRAMSCI, Antonio. Americanismo y fordismo. In: ________. Cuadernos de la Cárcel. Tomo 6. Traducción de Ana María Palos México: Ediciones Era, 2001. Disponível em: <https://yadi.sk/i/Xou79XQeufr6j>. Acesso em: 15 out. 2018.
HERNÁNDEZ, José Cabanes; GARCÍA, Luz Vera; MARTÍNEZ, María Isabel Bertomeu. Gitanos: historia de una migración. Alternativas. Cuadernos de Trabajo Social, Alicante, n. 4, p. 87-97 oct. 1996.
HOUAISS, Antonio. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva. Versão 1.0. 1 [CD-ROM]. 2001.
KOWARICK, Lúcio. Trabalho e vadiagem: a origem do trabalho livre no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.
LESSA, Sérgio. Mundo dos homens: trabalho e ser social. 3. ed. rev. cor. São Paulo: Instituto Lukács, 2012.
MARTINEZ, Nicole. Os ciganos. Tradução de Josette Gian. Campinas: Papirus, 1989.
MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. Tradução de Jesus Ranieri. São Paulo: Editorial Boitempo, 2004[1844].
________. O Capital: crítica da economia política. Livro I: o processo de produção do
capital. Tradução de Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013.
MEDEIROS, Jéssica Cunha de. Em busca de uma sombra: articulando nomadismo e territorialidade a partir das narrativas de uma Calon de Sousa (PB). In: Reunião Brasileira de Antropologia. Políticas da Antropologia: Ética, Diversidade e Conflitos, 30 João Pessoa, 2016. Disponível em: <http://www.abant.org.br/conteudo/ANAIS/30rba/index.php?id=23>. Acesso em: 21 agos. 2018.
MELLO, Frederico Pernambucano de. Guerreiros do sol: violência e banditismo no nordeste do Brasil. São Paulo: A Girafa Editora, 2004.
MELLO, Marcos Antonio da Silva; SOUZA, Miriam Alves de. Meirinhos Aristocráticos. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, Fundação Biblioteca Nacional / Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional SABIN, ano 2, n. 14, p. 29-32, nov. 2006.
_______ et al. Os Ciganos do Catumbi: de “andadores do Rei” e comerciantes de escravos a oficiais de justiça na cidade do Rio de Janeiro. Cidades, Comunidades e Territórios, n. 18. Lisboa: CET-ISCTE, Jun./2009, pp 79-92.
MELO, Fábio José Dantas de. O Romani dos Calon da região de Mambaí: uma língua obsolescente. 141 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas, Universidade de Brasília, Brasília, 2005.
MELO, Erisvelton Sávio Silva de. Sou cigano sim! Identidade e representação: uma etnografia sobre os ciganos na região Metropolitana do Recife-PE. 142 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Universidade Federal de Pernambuco. Recife: 2008.
MENDES, Maria Manuela; MAGANO, Olga; CANDEIAS, Pedro. Estudo nacional sobre as comunidades ciganas: Observatório das comunidades ciganas. Lisboa: ACM, I.P. / Alto Comissariado para as Migrações (ACM, IP), 2014. Disponível em: . Acesso em: 20 jan. 2017.
MOONEN, Frans. Anticiganismo: os ciganos na Europa e no Brasil. 3 ed. digital revista e atualizada. Recife: DHnet, 2011. 228 p. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/ciganos/a_pdf/1_fmanticiganismo2011.pdf>. Acesso em: 10 mai. 2018.
________. Ciganos Calon no sertão da Paraíba: 1993-2011. Recife: DHnet, 2011b. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/ciganos/a_pdf/1_
fmciganossousa2011.pdf>. Acesso em: 14 out. 2018.
________. Anticiganismo e políticas ciganas, na Europa e no Brasil. Edição revista e aumentada. Recife: AMSK, 2013. Disponível em: <http://www.amsk.org.br/imagem/pdf/FMO_2013_AnticiganismoEuropaBrasil.pdf>. Acesso em: 28 agos. 2018.
MORAES FILHO, Mello. Os ciganos no Brazil: contribuição ethnographica. Rio de Janeiro: B. L. Ganier, 1886. 203 p. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/224212> Acesso em: 09 out. 2018.
NETTO, José Paulo. Crise do capital e consequências societárias. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 111, p. 413-429, set. 2012.
PABANÓ, Félix Manzano. Historia y costumbres de los gitanos. Colección de cuentos viejos y nuevos, dichos y timos graciosos, maldiciones y refranes netamente gitanos. Diccionario español-gitano-germanesco. Dialecto de los gitanos. Ed. ilustrada. Barcelona: Montaner y Simón Editores, 1915. Disponível em: <https://archive.org/details/historiaycostumb00pabauoft/page/n7>. Acesso em: 10 jan. 2017.
PELLEGRINI, Luis. O povo andarilho. Planeta, São Paulo, 15 jul. 2015. Comportamento. Disponível em: <https://www.revistaplaneta.com.br/o-povo-andarilho/>. Acesso em: 10 nov. 2018.
PEREIRA, Cristina da Costa. Os ciganos ainda estão na estrada. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.
PERIPOLLI, Gláucia Casagrande. As raízes das flores: uma etnografia de mulheres ciganas em Pelotas, RS. 164 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2013.
PERNOUD, Régine. As origens da burguesia. 2 ed. rev. atual. Lisboa: Publicações
Europa-America, 1969.
PRADO JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2006.
RABELO, Carina. Os ciganos modernos. ISTOÉ, São Paulo, n. 2015, 18 jun. 2008. Comportamento. Disponível em: <https://istoe.com.br/5055_OS+CIGANOS+MODERNOS/>. Acesso em: 09 out. 2018.
RAMANUSH, Nicolas. Cultura cigana, nossa história por nós. Parte II. 2012. Disponível em: . Acesso em: 12 mai. 2016.
REDAÇÃO. Universidade da Bahia cria cota para transgêneros, travestis e ciganos. Veja, São Paulo, 25 jul. 2018. Brasil. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/brasil/universidade-da-bahia-cria-cota-para-transgeneros-travestis-e-ciganos/>. Acesso em: 18 out. 2018.
ROCHA, Everardo Pereira Guimarães. O que é etnocentrismo. 5 ed. São Paulo: brasiliense, 1988.
ROMANI, Danielle. Europa: eterna sensação de ser “intruso”. O Correio da Unesco, Rio de Janeiro, ano 12, dez. 1984.
RUBIO, Belén Sánchez; FERNÁNDEZ, Aranzazu. La situación laboral de la población gitana: conocimiento y reconocimiento. In: LAPARRA, Miguel. (Coord.) Diagnóstico social de la comunidad gitana en España: un análisis contrastado de la Encuesta del CIS a hogares de población Gitana 2007. Madrid: Ministerio De Sanidad, Politica Social e Igualdad, p. 35-72, 2011. Disponível em: <https://www.msssi.gob.es/ssi/familiasInfancia/inclusionSocial/poblacionGitana/docs/diagnosticosocial_autores.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2017.
SANDRONI, Paulo (Org). Novíssimo dicionário de economia. São Paulo: Best Seller, 1999.
SILVA, Lailson Ferreira da. A descendência do Cigano Cem: construção e afirmação étnica dos ciganos da cidade Alta (Limoeiro do Norte/CE). Revista Eletrônica Inter-Legere, Natal, n. 4, ano 2, p. 87-92, 2009.
_______. Aqui, todo mundo é da mesma família: parentesco e relações étnicas entre os ciganos na Cidade Alta, Limoeiro do Norte/CE. 116 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2010.
SILVA JÚNIOR, Aluízio de Azevedo. A liberdade na aprendizagem ambiental cigana dos mitos e ritos Kalon. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2009. Disponível em: <http://livros01.livrosgratis.com.br/cp100264.pdf>. Acesso em: 08 set. 2018.
SILVA SANCHEZ, Valéria. Devir Cigano: Encontro cigano-não cigano (rom–gadjé) como elemento facilitador do processo de individuação. 206 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica) – Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2006. Disponível em: <http://livros01.livrosgratis.com.br/cp008824.pdf>. Acesso em: 10 out. 2018.
SIQUEIRA, Robson de Araújo. Os Calon do município de Sousa-PB: dinâmicas ciganas e transformações culturais. 2012. Dissertação (Mestrado em Antropologia) –Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2012. 172 f.
TEIXEIRA, Rodrigo Corrêa. História dos ciganos no Brasil. Recife: Núcleo de Estudos Ciganos, 2008. 127 p. Disponivel em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/ciganos/a_pdf/rct_historiaciganosbrasil2008.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2017.
TOMKA, Miklos. De artesãos a vítimas da sociedade industrial. O Correio da Unesco, Rio de Janeiro, ano 12, dez. 1984.
VAUX DE FOLETIER, François de. O mundo como pátria. O Correio da Unesco, Rio de Janeiro, ano 12, dez. 1984.
VILAR, Márcio da Cunha. Para o lado de cá do espelho: morte, sentimento e pessoa através de um retrato de uma cigana brasileira. RBSE – Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, João Pessoa, v. 11, n. 31, p. 126-163, abr. 2012.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).