Artificialidade e insuficiência da classificação de Kant quanto aos argumentos teístas
DOI:
https://doi.org/10.18012/arf.v11i1.67634Palavras-chave:
argumento ontológico, argumento cosmológico, argumento físico-teológico, KantResumo
Na Dialética Transcendental, da Crítica da razão pura (1787), Kant defende a impossibilidade dos argumentos teístas, a saber: o ontológico, o cosmológico e o físico-teológico. Contudo, sua objeção depende de sua classificação dos argumentos teístas, a qual recebe críticas de filósofos analíticos da religião como Plantinga (2012) e Swinburne (2019). Por isso, o presente artigo pretende investigar criticamente dois problemas relativos à tal classificação: os critérios sistemáticos de sua classificação e a suficiência histórica das suas três provas teístas. Quanto ao primeiro problema, defender-se-á que é possível reconhecer uma certa artificialidade sistemática na classificação de Kant das provas teístas, tendo em vista as críticas de Strawson (1966) e Hegel (1812, 1830), além da crítica interna desenvolvida pelos autores deste trabalho. Quanto ao segundo problema, argumentar-se-á que é possível indicar-se uma determinada insuficiência histórica na classificação de Kant das três provas teístas, visto a partir das críticas focadas brevemente sobre alguns teólogos clássicos, tais como Anselmo, Aquino e Al-Ghazali. Por fim, uma vez justificado que a objeção de Kant depende de tal classificação possivelmente artificial e insuficiente, será indicado, sucintamente, que Kant não parece tão justo quanto ele pretendia em sua objeção aos argumentos teístas.
Downloads
Referências
ANSELMO. Monológio; Proslógio. Trad. Angelo Ricci. 2º Edição. São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Coleção Os Pensadores).
AQUINO, Tomás de. Suma Teológica, Vol. 1. Trad. Alexandre Correia. Campinas: Ecclesiae, 2018.
CIRNE LIMA, Carlos R. A lógica do absoluto. Síntese. V. 20, n. 63, p. 499-532, 1993. Disponível em: https://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/Sintese/article/view/1296. Acesso em: 04 abr. 2023.
CRAIG, William Lane. The Kalam Cosmological Argument. London: MacMillan, 1979.
CUNHA, Bruno. Estudo introdutório. In: KANT, Immanuel. Lições sobre a doutrina filosófica da religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, SP: Editora Universitária São Francisco, 2019. (Coleção Pensamento Humano).
FAGGION, Andrea L.B. Refutação do Argumento Ontológico, ou Filosofia Crítica Versus Filosofia Dogmática. Veritas, Porto Alegre, v. 56, n. 2, p. 64-83, 2011. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/veritas/article/view/8282. Acesso em 19 jan. 2023.
FICHTE, Johann G. A doutrina da ciência de 1794. São Paulo: Nova Cultural, 1988.
HEGEL, Wilhelm F. Ciência da lógica: 1- A doutrina do ser. Petrópolis: E. Vozes; Bragança Paulista: Ed. Universitária S. Francisco, 2016.
HEGEL, Wilhelm F. Enciclopédia das ciências filosóficas: I- A ciência da lógica (1830). São Paulo: Ed. Loyola, 1995.
HEMPEL, Carl G. Philosophy of Natural Science. Princeton: Prentice-Hall, 1966.
HÖSLE, Vittorio. O Sistema de Hegel: o idealismo da subjetividade e o problema da intersubjetividade. São Paulo: Ed. Loyola, 2007.
KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. Trad. Valério Rohden e Udo Baldur Moosburger. 2º Edição. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Coleção Os Pensadores).
KANT, Immanuel. Crítica da razão prática. 4º Edição. Trad. Valério Rohden. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2016.
KANT, Immanuel. Lições sobre a doutrina filosófica da religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, SP: Editora Universitária São Francisco, 2019. (Coleção Pensamento Humano).
KANT, Immanuel. Prolegômenos a toda metafísica futura. Trad. Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1988.
KANT, Immanuel. Prolegômenos a qualquer metafísica futura. Trad. José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Estação Liberdade, 2014.
LOPARIC, Zeljko. A semântica transcendental de Kant. 3º Edição. Campinas: Unicamp, Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência, 2005.
MALCOLM, Norman. Anselm's Ontological Arguments. Philosophical Review, Durham, v. 69, n. 1, p. 41-62, 1960.
MANDELI, Alison Vander. Comentários sobre a crítica de Kant ao argumento ontológico. In: TOLLETO, Milene Consenso; PINZANI, Alessandro (orgs). Investigações kantianas II: novas vozes. Florianópolis: NEFIPO, 2013. (Nefiponline).
MORTARI, Cezar A. Introdução à Lógica. 2º Edição. São Paulo: Editora Unesp, 2016.
NICOLAU, Marcos F. A. A ciência da lógica no sistema hegeliano. Kínesis, Vol. II, n° 03, p. 144 – 156, Abril-2010. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/ kinesis/article/view/4342. Acesso em: 04 abr. 2023.
PLANTINGA, Alvin. Deus, a liberdade e o mal. Trad. Desidério Murcho. São Paulo: Vida Nova, 2012.
PLANTINGA, Alvin. The Nature of Necessity. New York: Oxford University Press, 1974.
PLANT, Raymond. Hegel: Sobre religião e filosofia. Trad: Oswaldo Giacóia. São*Paulo: Unesp, 2000.
PORTUGAL, Agnaldo Cuoco. Fé, razão e salto no escuro: uma comparação entre Alvin Plantinga e Richard Swinburne. Veritas, Porto Alegre, v. 56, n. 2, 2011, p. 18-31. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/veritas/article/view/9935. Acesso em 19 jan. 2023.
STRAWSON, P. F. The Bounds of Sense: an essay on Kant’s Critique of Pure Reason. New York: Routledge, 1966.
SWINBURNE, Richard. A existência de Deus. Trad. Agnaldo Cuoco Portugal. 2º Edição. Brasília, DF: Academia Monergista, 2019.
WOOD, Allen. Kant’s Rational Theology. New York: Cornell University Press, 1978.
Arquivos adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Política de Direito Autoral para os itens publicados pela Revista:
1.Esta revista é regida por uma Licença da Creative Commons aplicada a revistas eletrônicas. Esta licença pode ser lida no link a seguir: Creative Commons Attribution 4.0 International (CC BY 4.0).
2.Consonante a essa politica, a revista declara que os autores são os detentores do copyright de seus artigos sem restrição, e podem depositar o pós-print de seus artigos em qualquer repositório ou site.
Política de Direito de Uso dos Metadados para informações contidas nos itens do repositório
1. Qualquer pessoa e/ou empresa pode acessar os metadados dos itens publicados gratuitamente e a qulquer tempo.
2.Os metadados podem ser usados sem licença prévia em qualquer meio, mesmo comercialmente, desde que seja oferecido um link para o OAI Identifier ou para o artigo que ele desceve, sob os termos da licença CC BY aplicada à revista.
Os autores que têm seus trabalhos publicados concordam que com todas as declarações e normas da Revista e assumem inteira responsabilidade pelas informações prestadas e ideias veiculadas em seus artigos, em conformidade com a Política de Boas Práticas da Revista.