ENTRE A MACUMBA E O ESPIRITISMO: uma análise do discurso dos intelectuais de umbanda durante o Estado Novo
Resumen
Após a manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas no médium Zélio de Moraes a fim de “anunciar” o início de uma nova religião (1908), verificam-se a inserção de elementos da classe média urbana na macumba carioca e a contribuição destes no processo de legitimação da umbanda como uma religião brasileira. Em pleno regime de exceção política imposta pelo Estado Novo que não poupou nem os centros kardecistas, as estratégias de legitimação de uma religião oriunda das classes subalternas acabaram por refletir a mesma ideologia daquele período: a flexibilização dos anseios sociais somente seria legítima se intermediada pelo Estado. Nesta perspectiva, os principais atores do movimento umbandista fundaram a Federação Espírita de Umbanda (1939), cujo objetivo era servir de interlocutor entre os templos filiados, o Estado e a sociedade; e realizaram o 1º Congresso de Umbanda (1941), a fim de unificar as práticas rituais a partir de uma doutrina pautada em dogmas cristãos e espíritas. Ao longo desse artigo, analisaremos a capacidade dos intelectuais umbandistas em mediar, simultaneamente, códigos sociais, políticos e religiosos, e transformar magia em religião; curandeiros em sacerdotes; assistencialismo em caridade; e, conseqüentemente, prestigio político em respeitabilidade religiosa.
Palavras-chaves: Umbanda, Religião Brasileira, Estado Novo.
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