Um passeio no parque com Hilda Hilst
subterfúgios da escrita literária em O cardeno rosa de Lori Lamby
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2237-0900.2020v16n2.60001Resumo
A fortuna crítica da produção narrativa de Hilda Hilst, mesmo tendo demonstrado um vasto crescimento a partir do final da década de 90, ainda concentra-se, em demasiado, na considerada “trilogia obscena”, “trilogia pornô-erótica” ou “trilogia erótica” que é composta por: O caderno rosa de Lori Lamby (1990), Contos d’escárnio: textos grotescos (1990) e Cartas de um sedutor (1991). Embora a construção da imagem de uma obscena senhora Hilda tenha sido elaborada por grande parte dos críticos literários, não pretendo seguir estes parâmetros de análise da prosa hilstiana, em especial, no que diz respeito a O caderno rosa de Lori Lamby. No lugar disso, desejo construir uma leitura centrada na teia que Hilst tece a fim de criar personagens que desfrutam da voz narrativa e que, ao mesmo tempo, ocupam o lugar de sujeitos a partir da escrita nestas e destas histórias. Evidenciando, portanto, que tais narradores-escritores vivem, permanentemente, uma relação conflituosa com o editor e estão sempre buscando amparo na figura de uma personagem feminina, com o intuito de cumprir sua função, a de escrever um “livro obsceno” que seja um sucesso de vendas e, consequentemente, rentável para a editora. Portanto, nesta análise de O caderno rosa de Lori Lamby, buscarei demonstrar como a exploração sexual infantil presente nesta obra torna-se um subterfúgio “estilístico” para denunciar a relação obscena entre mercado editorial e produção literária.
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