O HOMEM AMA OCULTAR-SE

Autores

  • Francisco Felizol Marques Universidade de Lisboa (Faculdade de Letras )

DOI:

https://doi.org/10.7443/problemata.v6i3.17097

Palavras-chave:

Hadot, Girard, natureza, sacrifício, bode expiatório

Resumo

Hadot distingue duas atitudes perante a Natureza: a órfica de respeitar e velar os seus segredos; a prometaica de forçar a Natureza a revelá-los. Já Girard, identifica duas naturezas humanas, o mimetismo e o mecanismo do bode expiatório, ocultadas pela mentira romântica e pelo pensamento sacrificial. Defende-se aqui: a pensar a Natureza, o homem reflecte; ao espelho, pensa também sua natureza; as posturas órfica e prometaica são também posturas perante a natureza humana, especialmente a do mecanismo. Desvela-se então Hadot com Girard. A atitude órfica, veladora dos segredos da Natureza, vela, esconde o natural, mentiroso e violento mecanismo. Este, na base de toda a cultura, é, com sua temporalidade cíclica ou sacrificial, militantemente defendido pela tradição sacrificial pagã. O retorno do sacrificial, com consequências catastróficas, para Girard, no séc.XX, será ideia retomada no período romântico e continuada por Nietzsche e Heidegger. A atitude prometaica, desveladora impudica dos segredos da Natureza, tem seu fulcro na revelação cristã do mecanismo, impositora da inocência da vítima e da linearidade temporal. Assim, para Girard, libertar o homem da culpa, impõe a causa, impulsiona o progresso; até também este, feito “objecto expiatório” se preverter na ineficaz e perigosa sacrificialidade do capitalismo actual.


[doi:HTTP://dx.doi.org/10.7443/problemata.v6i3.17097]

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Biografia do Autor

Francisco Felizol Marques, Universidade de Lisboa (Faculdade de Letras )

Licenciado em economia (1999) e mestre em ciências actuariais (2005) pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade Técnica de Lisboa

Em 2011 concluiu o mestrado em filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) com a tese «A Tragédia da Liberdade na Filosofia do Dinheiro de Georg Simmel» sendo actualmente doutorando em filosofia na mesma faculdade

É desde 2009 membro do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa

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Publicado

21-12-2015

Edição

Seção

Artigos