O HOMEM AMA OCULTAR-SE
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v6i3.17097Palavras-chave:
Hadot, Girard, natureza, sacrifício, bode expiatórioResumo
Hadot distingue duas atitudes perante a Natureza: a órfica de respeitar e velar os seus segredos; a prometaica de forçar a Natureza a revelá-los. Já Girard, identifica duas naturezas humanas, o mimetismo e o mecanismo do bode expiatório, ocultadas pela mentira romântica e pelo pensamento sacrificial. Defende-se aqui: a pensar a Natureza, o homem reflecte; ao espelho, pensa também sua natureza; as posturas órfica e prometaica são também posturas perante a natureza humana, especialmente a do mecanismo. Desvela-se então Hadot com Girard. A atitude órfica, veladora dos segredos da Natureza, vela, esconde o natural, mentiroso e violento mecanismo. Este, na base de toda a cultura, é, com sua temporalidade cíclica ou sacrificial, militantemente defendido pela tradição sacrificial pagã. O retorno do sacrificial, com consequências catastróficas, para Girard, no séc.XX, será ideia retomada no período romântico e continuada por Nietzsche e Heidegger. A atitude prometaica, desveladora impudica dos segredos da Natureza, tem seu fulcro na revelação cristã do mecanismo, impositora da inocência da vítima e da linearidade temporal. Assim, para Girard, libertar o homem da culpa, impõe a causa, impulsiona o progresso; até também este, feito “objecto expiatório” se preverter na ineficaz e perigosa sacrificialidade do capitalismo actual.
[doi:HTTP://dx.doi.org/10.7443/problemata.v6i3.17097]
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