QUILOMBO COMO UM CONCEITO EM MOVIMENTO OU QUILOMBISMO E UBUNTU:

PRÁTICAS ANCESTRAIS AFRICANAS PARA NOSSAS REPENSAR PRÁTICAS PEDAGÓGICAS E DE JUSTIÇA

Autores

  • Aline Aline Cristina Oliveira do Carmo Colégio Pedro II

DOI:

https://doi.org/10.7443/problemata.v11i2.53629

Palavras-chave:

Quilombo, Justiça, Ubuntu, Saberes ancestrais

Resumo

Partindo dos estudos de Beatriz Nascimento [1985; 1987], que compreende o quilombo como um conceito em movimento, pretendo apresentar algumas reflexões sobre a importância dessa compreensão para repensarmos nossas práticas pedagógicas e de justiça. No campo da justiça, esse conceito permite a compreensão dos processos de formação de quilombos históricos e contemporâneos na África e na diáspora. No diálogo com as teorias da justiça e da educação, esse conceito também permite a identificação da filosofia ubuntu (Ramose, 1999; São Bernardo 2016) nesses territórios, na medida em que a identidade e os modos de fazer dessas comunidades são fundamentalmente coletivos e interdependentes. Nesse sentido, o quilombismo, tal como defendido por Abdias Nascimento [1980], possibilita a identificação e desenvolvimento de práticas pedagógicas calcadas em saberes ancestrais de matriz africana que tenham como intuito o fortalecimento desse tipo de humanidade expresso nos quilombos, que (só) se compreende em uma coletividade, cuja dinâmica existencial se dá em movimento e unidade com os elementos da natureza. Seguindo a perspectiva de valorização desses saberes e práticas, os estudos aqui compartilhados demonstram a potencialidade de repensarmos nossas práticas pedagógicas e de justiça, tomando por base o modo de vida expresso e valorizado em territórios quilombistas, a fim de alimentar mundos em que nossa dignidade plena seja efetivamente contemplada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ACHINTE, Adolfo Albán. Pedagogías de la re-existencia. Artistas indígenas y

afrocolombianos. In. WALSH, Catherine (organizadora). Pedagogías decoloniales: prácticas

insurgentes de resistir, (re)existir y (re)vivir. Tomo I. Quito: Ediciones Abya Yala, 2013.

ALMEIDA, Silvio. Racismo estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.

ASANTE, Molefi Kete. Afrocentricidade. Teoria da mudança social. Philadelphia:

Afrocentricity International, 2014.BRASIL, Decreto Presidencial nº 4.887. Brasília, 2003.

______. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988.

CARICOM. 10-point reparation plan. Reparation Comission, 2013. Disponível em

https://caricomreparations.org/ . Acessado em 28.06.2020.

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo, 2016.

De GREIFF, Pablo. Justicia y reparaciones, en: Handbook of Reparations, Oxford

University Press, New York, 2006. Traducción al español de Magdalena Holguín,

DOVE, Nah. Mulherisma Africana. Uma teoria afrocêntrica. Tradução de Wellington Agudá.

Universidade Temple. In. Jornal de Estudos Negros, Vol. 28, № 5, Maio de 1998, 515-539.

Sage Publications.

GONZALEZ, Lélia. Primavera para as rosas negras: Lélia Gonzalez em primeira

pessoa... Diáspora Africana: Editora Filhos da África, 2018. 486 páginas. 1ª edição.

MENDONÇA, Guilerme Cruz. Considerações jurídicas sobre a preservação da cultura

Quilombola no Brasil In. Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPHAN), Dossiê

Quilombos, Departamento de Patrimônio Material, Ministério da Cultura. Rio de Janeiro,

MIRANDA, Claudia, RIASCOS, Fanny Milena Quiñones y ARBOLEDA, John Henry.

Pedagogías quilombolas y aprendizajes decoloniales en la dinâmica organizacional de las

poblaciones negras. In: Revista da ABPN, v. 8, n. 18 • nov. 2015 – fev. 2016, p.25-43.

NASCIMENTO, Abdias. Quilombismo. Documentos de uma militância pan-africanista. Rio

de Janeiro: Ipeafro, 2019.

NASCIMENTO, Maria Beatriz. Beatriz Nascimento, Quilombola e Intelectual:

possibilidade nos dias da destruição. Diáspora Africana: Editora Filhos da África, 2018.

ONU, Organização das Nações Unidas. Resolución nº 60/147, 2005. Disponível em

http://gddc.ministeriopublico.pt/sites/default/files/diretrizes-recursoreparacao.pdf . Acessado

em 27.06.2020.

OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ. La invención de las mujeres. Una perspectiva africana sobre los

discursos occidentales del género. Bogotá: En la frontera, 2017.

RAMOSE, Mogobe B. “Globalização e Ubuntu”. In: SANTOS, Boaventura de Sousa e

MENESES, Maria Paula (orgs.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010, pp. 175-

SANTOS, Antônio Bispo. Colonização, quilombos. Modos e significados. UnB: Brasília,

SÃO BERNARDO, Sérgio. Kalunga e o direito: a emergência de um direito inspirado na

ética afro-brasileira. V ENADIR, GT nº1 – Justiça Restaurativa, mediação e administraçãode conflitos socioambientais: interfaces em antropologia e direito, 2017. Disponível em:

https://periodicos.ufpa.br/index.php/hendu/article/view/6017/4841 Acesso em 27.11.2018.

URASSE, Anin. Uma introdução aos 18 princípios do Mulherismo Africana. In. PANAFRICANISTAS, União dos Coletivos. Coleção Pensamento Preto: Epistemologias do

Renascimento Africano [Volume III]. Diáspora Africana: Editora Filhos da África, 2019, p.-

-315.

Downloads

Publicado

22-07-2020