A CRÍTICA DE SARTRE AO EGO TRANSCENDENTAL EM HUSSERL
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v13i3.64402Palavras-chave:
Sartre, Husserl, Fenomenologia, Intencionalidade, Eu TranscendentalResumo
O Ego Transcendental é tradicionalmente compreendido como responsável por realizar a unificação da multiplicidade de aparições para um sujeito que às apreende. Sartre veria que, com o surgimento da fenomenologia, Husserl nos mostra que a consciência intencional não teria mais necessidade de recorrer a este polo unificador. Contudo, o próprio Husserl iria, posteriormente, realizar uma virada transcendental, fazendo recurso a este Eu – até então rejeitado por ele. Sartre, porém, perceberia que a fenomenologia husserliana tornaria este recurso ao Eu dispensável, mostrando-nos que o próprio Husserl já haveria nos fornecido a resposta para a questão a respeito de como se realizaria a unificação na multiplicidade de aparições. Pretendemos mostrar que o recurso a um eu como polo unificador não seria apenas desnecessário, mas representaria um obstáculo para a compreensão do verdadeiro sentido da intencionalidade tal como a fenomenologia o conceberia – haja vista que a unificação da multiplicidade de aparições se realizaria internamente, pela temporalidade, e externamente, pelo polo objetual.
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