A CRÍTICA DE SARTRE AO EGO TRANSCENDENTAL EM HUSSERL
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v13i3.64402Palavras-chave:
Sartre, Husserl, Fenomenologia, Intencionalidade, Eu TranscendentalResumo
O Ego Transcendental é tradicionalmente compreendido como responsável por realizar a unificação da multiplicidade de aparições para um sujeito que às apreende. Sartre veria que, com o surgimento da fenomenologia, Husserl nos mostra que a consciência intencional não teria mais necessidade de recorrer a este polo unificador. Contudo, o próprio Husserl iria, posteriormente, realizar uma virada transcendental, fazendo recurso a este Eu – até então rejeitado por ele. Sartre, porém, perceberia que a fenomenologia husserliana tornaria este recurso ao Eu dispensável, mostrando-nos que o próprio Husserl já haveria nos fornecido a resposta para a questão a respeito de como se realizaria a unificação na multiplicidade de aparições. Pretendemos mostrar que o recurso a um eu como polo unificador não seria apenas desnecessário, mas representaria um obstáculo para a compreensão do verdadeiro sentido da intencionalidade tal como a fenomenologia o conceberia – haja vista que a unificação da multiplicidade de aparições se realizaria internamente, pela temporalidade, e externamente, pelo polo objetual.
Downloads
Referências
ALVES, M. S. Pedro. Irreflectido e Reflexão: Observações sobre uma tese de
Sartre. In: SARTRE, Jean Paul. A transcendência do ego. Trad. Pedro Alves. Lisboa: Colibri. 1994.
ALVES, M. S. Pedro. Consciência de imagem e fantasia. Ego de observação e ego de devaneio. Phainomenon, [S.l.], n. 16-17, p. 157-176, oct., 2008.
BELO, Renato Santos. Sartre e a tese da transcendência do ego. Griot: Revista de Filosofia, v.9, n. 1., p.159-180, jun. 2014.
BORNHEIM, Gerd. Metafísica e Existencialismo. São Paulo: Perspectiva. 2011.
HUSSERL, Edmund. Phänomenologische Psychologie: Vorlesungen Sommersemester 1925. Berlin/Heidelberg, Germany: Springer Science, Business Media Dordrecht, 1962.
HUSSERL, Edmund. Investigações Lógicas: Sexta Investigação. Trad. Zeljko Loparic. São Paulo: Abril Cultural, 1968 (Coleção Os Pensadores).
HUSSERL, Edmund. Phenomenological Psychology – Letters, Summer Semester, 1925. Trad. John Scanlon. The Hague, Netherlands: Martinus Nijhof, 1977.
HUSSERL, Edmund. A Ideia da Fenomenologia. Trad. Artur Morão. Lisboa: Ed. 70, 2000.
HUSSERL, Edmund. Analysis Concerning Active and Passive Synthesis. Trad. Anthony J. Steinbok. Illinois : Southern Illinois University at Carbondale, 2001.
HUSSERL, Edmund. Meditações Cartesianas e Conferências de Paris. Trad. Pedro. M. S. Alves. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2013.
HUSSERL, Edmund. Investigações Lógicas. Trad. Pedro M. S. Alves. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2015.
HUSSERL, Edmund. Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica: introdução geral à fenomenologia pura. Trad. Márcio Suzuki. Aparecida, SP : Ideias & Letras, 2016.
HUSSERL, Edmund. Lições para uma fenomenologia da consciência interna do tempo. Trad. Pedro. M. S. Alves. Rio de Janeiro: Via Verita, 2017.
LANDGREBE, Ludwig. The Phenomenology of Edmund Husserl: six essays. Trad. Donn Welton. New York : Cornell University Press, 1981.
MAYER, Noemi. Tension entre spontanéité et passivité dans l’étude sartrienne de l’émotion. Bulletin d’analyse phénoménologique VIII (Actes 5), p. 245-260, 1, 2012.
MOUTINHO, Luiz Damond. Sartre: Existencialismo e Liberdade. São Paulo: Moderna. 1995.
MOUTINHO, Luiz Damond. Sartre: Psicologia Fenomenologia. São Paulo: Brasiliense, 1995.
PAES, Gabriel Gurae Guedes. Os limites da fenomenologia na investigação do imaginário. Ipseitas, São Carlos, v. 1, n. 2, p. 76-92, jul./dez., 2015.
PIZELLI, Fabrício Rodrigues. O Estatuto da intencionalidade na obra A Transcendência do Ego de Jean-Paul Sartre. Primeiros Escritos, São Paulo, n. 10, 2020.
SARTRE, Jean-Paul. A Transcendência do Ego. Trad. Pedro M. S. Alves, Lisboa : Colibri, 1994.
SARTRE, Jean-Paul. O Imaginário. Trad. Duda Machado. São Paulo: Ática. 1996.
SARTRE, Jean-Paul. Intencionalidade: um conceito fundamental da fenomenologia de Husserl. In. SARTRE, Jean-Paul. Situações I. Trad. Cristina Prado. Prefácio de Bento Prado Jr. São Paulo: Ed. Cosac Naify, 2005.
SARTRE, Jean-Paul. A Imaginação. Trad. Paulo Neves. Porto Alegre, RS: L&PM, 2008.
SARTRE, Jean-Paul. A Transcendência do Ego. Trad. João Batista Kreuch. Introdução e notas Sylvie Le Bon. Petrópolis: Vozes, 2015.
SARTRE, Jean-Paul. O Ser e o Nada. Trad. Paulo Perdigão. São Paulo: Vozes. 2015.
RODRIGUES, Malcom Guimarães. Consciência e má-fé no jovem Sartre: a trajetória dos conceitos. São Paulo : Ed. UNESP, 2010.
SOUZA, Thana Mara. Da irredutibilidade e inseparabilidade entre a percepção e a imaginação em Sartre. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 32, n. 64, p. 311-338, jan./abr. 2018.
TOURINHO, Carlos Diógenes. A Retomada da Concepção aristotélico-tomista de ‘inexistência intencional’ e suas consequências na tradição filosófica de Brentano no final do século XIX e início do século XX. Crítica: Revista de Filosofia, v. 8, n. 27-28, p.184-197, abr./out., 2003.
TOURINHO, Carlos Diógenes. O Desafio Metodológico de Husserl, o Exercício da Epoché e o Estatuto Transcendental da Objetividade Fenomenológica. Revista Portuguesa de Filosofia, v. 71, n. 1, p.11-25, 2015.
TOURINHO, Carlos Diógenes. O Problema da Autoconstituição do Eu Transcendental na Fenomenologia de Husserl: de Ideias I a Meditações Cartesianas. Trans/Form/Ação, v.. 39, n. 3., p.87-100, jul-set, 2016.
ZAHAVI, Dan. Husserl’s Phenomenology. California : Stanford University Pres. 2003.
ZAHAVI, Dan. Phenomenological Mind. New York : Routledge, 2008.
ZAHAVI, Dan. Subjectivity and Selfhood: investigating the first-person perspective. Massachusetts : The MIT Press, 2005.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Tássia Vianna de Carvalho
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).