O gênero da discórdia. A Igreja Católica e a campanha contra os direitos das mulheres na política internacional: uma abordagem a partir das conferências do Cairo e de Pequim
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1982-6605.2018v15n2.42234Resumo
A ênfase na necessidade do empoderamento das mulheres marcou as Conferências Mundiais sobre a Mulher organizadas pela ONU, em especial a Conferência de Pequim, em 1995, que redimensionou o debate sobre o tema adotando o conceito de gênero e, dessa forma, explicitando o caráter estruturado e estruturante da dominação das mulheres. Apesar de trazer importantes avanços para o debate sobre a desigualdade entre homens e mulheres, a adoção de gênero pela Conferência de Pequim, e também, um ano antes, em 1994, pela conferência do Cairo sobre População e Desenvolvimento, não foi posição unânime, tendo gerado tensionamentos registrados nas reservas apresentadas pelas delegações de diferentes países. A Santa Sé foi uma das protagonistas nesse debate, afirmando oposição aos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, e reagindo fortemente ao conceito de gênero adotado nas conferências da ONU. O presente artigo retoma os temas fundamentais que foram objeto de “reserva” da Santa Sé nas conferências do Cairo e de Pequim, e a política antigênero presente em escritos daquele período que têm servido aos propósitos político-religiosos da Igreja Católica e de outros segmentos de cunho conservador. Os escritos que compõem nosso corpus de análise são os relatórios das conferências do Cairo e de Pequim; “O Evangelho perante a desordem Mundial”, de Michel Schooyans; e a nota da Conferência Episcopal do Peru, intitulada La ideologia de género: sus peligros y alcances, elaborada pelo monsenhor Óscar Alzamora Revoredo.Downloads
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