Ressuscitando o pássaro e curando gente: pajelança na festa dos pássaros da Amazônia

Autores

  • Josivaldo Bentes Lima Júnior Secretaria de Estado e Educação e Qualidade no Amazonas

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.1982-6605.2020v17n2.55996

Resumo

O presente texto investiga as práticas da pajelança afro-indígena nas festas dos pássaros, cultura viva na região amazônica. O aparecimento desse folguedo está intimamente ligado aos bois-bumbás, cuja narrativa principal é a caça, morte e ressurreição do animal, o patrono da festa. Embora pouco conhecida, a cultura de pássaros existe desde meados do século XIX. Pajé, curandeiro ou feiticeiro, o personagem capacitado de curar o pássaro ferido ou morto, evidencia um campo religioso pluriétnico, vivenciado por populares, herança das sabedorias africana e indígena na Amazônia. No intuito problematizar as experiências afrorreligiosas por intermédio da pajelança na cultura dos pássaros, recorri à revisão bibliográfica sobre o tema, ao propor um diálogo com a minha pesquisa de mestrado sobre os pássaros Jaçanã e Pavão Misterioso, cultura de resistência no Mocambo do Arari, Parintins (AM). Os resultados evidenciam a presença negra nas festas dos pássaros sob os vieses religiosos por intermédio das experiências da pajelança cabocla no cotidiano dos organizadores da festa, saltando aos olhos experiências africanas e indígenas associadas ao catolicismo popular, comumente vivenciadas na Amazônia. Mais pesquisas urgem sobre o tema como enfrentamento ao pensamento colonial, que estigmatiza e subalterniza saberes e fazeres africanos na região, configurando o racismo estrutural presente na sociedade brasileira.

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Publicado

2021-01-31

Como Citar

JOSIVALDO BENTES LIMA JÚNIOR. Ressuscitando o pássaro e curando gente: pajelança na festa dos pássaros da Amazônia. Religare, [S. l.], v. 17, n. 2, p. 404–430, 2021. DOI: 10.22478/ufpb.1982-6605.2020v17n2.55996. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/religare/article/view/55996. Acesso em: 20 dez. 2024.