CONSCIÊNCIA E DENÚNCIA: AS VOZES DO EU LÍRICO/NARRADOR NO POEMA A LÁGRIMA DE UM CAETÉ DE NÍSIA FLORESTA

Autores

  • Gracilene Felix Medeiros

Palavras-chave:

épica, dupla instância de enunciação, Nísia Floresta

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo discutir os elementos que caracterizam alguns poemas longos modernos como texto épico. Para tanto, observamos que a estrutura do poema épico modificou-se, originando outras categorias de análise, embora, tenha mantido em sua essência elementos primordiais da epopeia, os quais são o plano histórico e o plano maravilhoso, como base do plano literário desse gênero. Contudo, para corroborar a nossa ideia de permanência do épico na modernidade e para fundamentar a discussão, tomamos por norte a importância da dupla instância de enunciação (lírica e narrativa), como categoria estruturante para a construção do texto épico moderno, destacando essa categoria como elemento principal para a composição do poema A lágrima de um Caeté de Nísia Floresta. A dupla instância de enunciação é marcada no poema nisiano pela voz do eu lírico/narrador, o qual configura na obra o discurso épico e um diálogo entre a fala masculina e feminina, diálogo que é mais uma inovação do texto de Floresta em relação à epopeia clássica. A fala feminina está representada no contexto do poema em estudo pela personificação da Realidade, personagem que faz parte do plano maravilhoso da obra. Desta maneira, é a Realidade, ou seja, o ideal feminino quem guia o eu lírico/narrador, representado pelo índio Caeté, por um longo processo de reflexão e conscientização da nova condição do indígena do Brasil.

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Publicado

2014-10-13