DE LA DISPARITION DE GEORGES PEREC A O SUMIÇO: POR QUE TRADUZIR SEM O E, SE O A É MAIS FREQUENTE EM PORTUGUÊS?

Autores

  • José Roberto Andrade Féres

Palavras-chave:

La Disparition de Georges Perec, tradução, O Sumiço

Resumo

La Disparition de Georges Perec é um romance lipogramático de 1969, ainda inédito em língua portuguesa. No intento de justificar a escolha de base para minha empreitada tradutória, pretendo responder à primeira pergunta que, geralmente, me faz quem descobre que estou traduzindo esse livro de 320 páginas onde não há nenhuma letra e, e narra, justamente, o sumiço dessa vogal: “Você tira o e também?”. Minha resposta: “É, apesar de o a ser mais frequente no português”. Por que tirar o e então? São estes alguns dos argumentos que viso desenvolver e ilustrar com exemplos do meu trabalho em andamento: entre o e e o a, a diferença de frequência no português é pouco significativa – não chega a 2% –; há um paralelo que se pode ler, como explica Claude Burgelin, entre o autor da vida e da morte dos personagens, um pai assassino de nome impronunciável – e cuja fisionomia é praticamente um retrato falado de Georges Perec –, e o autor da vida e da morte da narrativa, o próprio escritor; suprimindo o e, posso produzir jogos de linguagem análogos aos de La Disparition – dentre eles, o de “erros voluntários” quase imperceptíveis –; e, finalmente, Perec tinha o projeto de ligar seus livros entre si, ligação com a qual a letra e contribui muito mais que o a –para não citar senão um exemplo, seu W ou le souvenir d’enfance se inicia com a dedicatória “pour E”. O e é importante demais para não sumir em O Sumiço.

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Publicado

2014-10-14