CASCUDO LEITOR DE MONTAIGNE: A TRADUÇÃO COMO DIÁLOGO

Autores

  • Regina Lúcia de Medeiros

Palavras-chave:

dialogismo, ensaio, tradução

Resumo

Em 1940, Luís da Câmara Cascudo publicou, na revista Cadernos da hora presente, uma tradução do ensaio Des Cannibales, de Michel de Montaigne. O caderno especial, intitulado “Montaigne e o índio brasileiro”, constitui a primeira tradução integral, para o português do Brasil, de um ensaio do pensador francês. O texto em português recebeu uma anotação bastante rica e erudita, cuidadosa para a época, e fornecedora de informações ao leitor. Cascudo escreveu ainda um prefácio que antecede o ensaio. Nessas páginas, o pesquisador explica: seu trabalho atendeu a uma sugestão de Ronald de Carvalho, que, no ano de 1933, propôs comemorar o quarto centenário de Michel de Montaigne com a publicação de uma série de estudos brasileiros voltados para a leitura da sua obra ensaística. Determinado a difundir os ideais do filósofo quinhentista e, em particular, seu estudo sobre o indígena brasileiro, o norte-rio-grandense deu continuidade ao seu trabalho, apesar do fracasso do evento comemorativo. Embora seja discreto o lugar que ocupa na extensa produção cascudiana, essa tradução não passa despercebida nesse conjunto. Com ela, Luís da Câmara Cascudo inicia um diálogo literário que se revela muito significativo na construção do seu pensamento. Partindo da visão dialógica da linguagem, pretendemos compreender a relevância dessa tradução no contexto da cultura letrada de sua época, assim como a sua importância para a obra cascudiana.

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Publicado

2014-10-14