A TRADUÇÃO NO REGISTRO DO EQUÍVOCO
Palavras-chave:
tradução/psicanálise, equívoco, formação da traduçãoResumo
Como falar de tradução considerando a descoberta freudiana do inconsciente e a existência da psicanálise? Eis uma questão que exige, antes da tentativa de elaboração de qualquer resposta, que se tirem dela consequências teóricas, práticas e éticas para os estudos de tradução. A premissa geral afirmada na proposição “toda tradução é imperfeita” (seja qual for o ideal de perfeição) permite que se tome a noção de intraduzibilidade como negação da traduzibilidade, ou ponto de vacilação de certa estabilidade do significado na passagem entre línguas. A proposta deste trabalho é fazer valer esse intraduzível no registro do equívoco como ato, como uma “formação da tradução” (do mesmo modo que se diz em psicanálise, a partir de Freud e de Lacan, “formação do inconsciente”). Entende-se aqui o equívoco como nascido do (des)encontro das línguas no instante em que se traduz, e que não se pode interpretar no registro da compreensão como um sentido, porque se revela opaco em ambas as línguas. Este trabalho assume ainda essa tradução como um tipo de laço social que encena o desejo do tradutor, dado que, fora das trilhas da ciência linguística, não toma as línguas como objetos externos aos falantes. Há na tarefa do tradutor um saber inconsciente não sustentado por um eu que sabe/compreende, e traduzir (com) psicanálise obriga-o a acatar em sua prática esse saber que não pode ignorar e ao qual escolhe eticamente se submeter, para assim, quem sabe, fazer de seu trabalho uma tradução relevante.Downloads
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