A FICÇÃO FRANCESA CONTEMPORÂNEA NO BRASIL: CULTURA DA QUALIDADE CONTRA CULTURA DA QUANTIDADE
Resumo
Os dois últimos prêmios Nobel franceses de literatura, JMG LE Clézio (2008) e Patrick Modiano (2014) estão longe de ter suas obras respectivas integralmente publicadas no Brasil. Para esse último, por exemplo, apenas três livros foram publicados no Brasil e estão esgotados. No entanto, além de ter recebido a chancela da maior instância prescritiva em matéria literária, eles são na França escritores renomados, cujas obras são integradas ao mercado e, ao mesmo tempo, tidas como clássicos modernos. Esse paradoxo pode explicar-se pela estrutura do mercado brasileiro, no qual o setor da ficção estrangeira se caracteriza por um alto grau de concentração (poucos livros, geralmente de origem anglo-saxão, representam um proporção importante das vendas) e no qual a própria ficção brasileira, para fazer sucesso, é tributaria de um gênero exógeno, a autoajuda principalmente, da qual ela aparece como um derivado. No entanto, a ficção francesa contemporânea possui uma certa visibilidade dentro de um estrato do mercado brasileiro regulado pela prescrição jornalística e acadêmica. Como encarregado da política do livro francês no Brasil e, em seguida, agente literário e organizador de projetos como o prêmio Cunhambebe de literatura estrangeira no Brasil, experimentei essa distorção paradigmática da presença da literatura contemporânea francesa no Brasil, que busca menos a quantidade do que a qualidade.Downloads
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