PARA ALÉM DA SINCRONIA: A RESISTÊNCIA NEGRA QUE NÃO RESISTE À DUBLAGEM DE/EM DJANGO UNCHAINED
Palavras-chave:
Dublagem, Tradução Audiovisual,Resumo
Desde que o cinema se tornou uma das manifestações artísticas mais difundidas em todo o mundo, a necessidade de alguma forma de tradução audiovisual se fez necessária para que as narrativas cinematográficas pudessem ser comercializadas em diferentes países. As maneiras encontradas de tornar essas narrativas acessíveis a diferentes públicos foram a legendagem e a dublagem. Entre estas duas, um aspecto parece ter se colocado, desde o princípio, como indispensável ao sucesso e aceitação: a sincronia. Até aqui, a dublagem e o dublador parecem assumir um estatuto de ventriloquismo. Como se o objetivo dessa modalidade de tradução fosse a de criar um efeito de ilusão entre os espectadores: a ilusão de que os atores dublados na tela falam a mesma língua do que a audiência. Assim como em um espetáculo de ventriloquismo, quando o artista é tão competente ao ponto de não se conseguir precisar de onde é que sai a voz daquele boneco – ainda que se saiba que os bonecos não possuem uma. Escolher dubladores com as vozes parecidas com a dos atores originais, buscar um encaixe perfeito entre o abrir e fechar da boca dos atores e a voz do dublador e uma precisão sincrônica entre imagem e som garantiriam o sucesso desse processo. Sob o ponto de vista dos autores revisados até então, e às expensas do caráter de unicidade da voz e do lugar discursivo em que se situa a narrativa cinematográfica original, o ajuste e a execução precisa de algumas técnicas pretendem garantir o sucesso da tradução dos aspectos sonoros de uma narrativa cinematográfica. Para este projeto de pesquisa, a hipótese é que existe algo além, ou anterior, a esse aspecto instrumental. A proposta deste trabalho não é a de julgar a fidelidade ou a qualidade sincrônica da tradução audiovisual de alguma obra cinematográfica. O que importa não é tentar mensurar se a dublagem conseguiu ser fiel, se esta conseguiu encaixar perfeitamente as palavras, a voz, do dublador na boca do ator da versão original. A intenção é tomar e propor a sonoridade de uma determinada narrativa cinematográfica naquilo que ela tem de intraduzível. É importante ressaltar a escolha da noção de sonoridade e não apenas, ou simplesmente, da vocalidade. A opção é por tratar a dimensão sonora dessa narrativa (as vozes dos atores, as músicas, os gritos, os ruídos etc.) como constituída de aspectos intraduzíveis. Dimensão sonora que, para Chion (2008, p. 118), não é apenas uma ferramenta a serviço da imagem: são sons que fazem ouvir “[...] uma certa matéria, uma densidade, uma presença, uma sensorialidade”.Downloads
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