O PROCESSO DE SEGMENTAÇÃO DE TRADUTORES EM FORMAÇÃO NA TRADUÇÃO DE TEXTOS TÉCNICO-CIENTÍFICOS

Autores

  • Alberto Holanda Pimentel Neto
  • Tânia Liparini Campos

Resumo

A tradução é tida, desde o final dos anos 1960, também como uma atividade cognitiva e vem sendo foco de estudos realizados ao longo dos últimos anos, dentro dos Estudos da Tradução, interessados nos processos cognitivos que ocorrem durante sua realização. Com o decorrer do tempo, as pesquisas de abordagem cognitiva foram crescendo e ganhando interesse por parte de pesquisadores, bem como foram propostos modelos que explicassem o processo tradutório. Dentre estes, destaca-se aqui o modelo de competência tradutória proposto pelo grupo PACTE. Este modelo é composto por cinco subcompetências, sendo elas: bilíngue, extralinguística, conhecimentos em tradução, instrumental e estratégica. Ligado mais especificamente a esta última, o presente trabalho é resultado de uma pesquisa longitudinal, desenvolvida dentro de um projeto mais amplo, intitulado “Competência Tradutória e formação de tradutores: o desenvolvimento das subcompetências específicas do tradutor” (CNPq 485158/2013-2). Este estudo foi desenvolvido em três etapas de coletas de dados, com o objetivo de investigar três diferentes estágios da aquisição da competência tradutória, em especial da subcompetência estratégica, em tradutores em formação, alunos do curso de Tradução da UFPB, a partir da análise do processo de segmentação observado durante a tradução de textos técnico-científicos. Os dados apresentados aqui foram coletados na terceira etapa da pesquisa, a partir dos quais foi comparada, em uma análise longitudinal, a relação entre o processamento (segmentação) do texto por parte dos sujeitos e o desenvolvimento da subcompetência estratégica. A primeira coleta foi realizada em abril de 2014; a segunda, em dezembro de 2015; a terceira, em dezembro de 2016. Foram usados como instrumentos de coleta de dados os programas Translog e Camtasia e um questionário sobre problemas de tradução que foi respondido por cada sujeito após concluída a tarefa de tradução. A metodologia usada baseou-se na proposta por Dragsted (2004), Rodrigues (2009) e PACTE (2003, 2008). Os dados analisados foram segmentos, classificados quanto “Palavra”, “Grupo/Sintagma”, “Oração”, Complexo Oracional”, “Transentencial” e “Não Sintático” e agrupados em tabelas, gráficos e quadros. Os resultados mostraram que houve uma queda no número de segmentos classificados como Palavra no processo de todos os sujeitos, bem como um aumento no número dos segmentos que foram identificados como Transentencial, da primeira para a segunda etapa de coleta de dados, bem como da segunda para a terceira. Observou-se também que a média de palavras processadas por segmento aumentou, o que, consequentemente, relaciona-se com o fato de a quantidade de segmentos ter diminuído por tradução. A quantidade de segmentos Transentenciais apresentou aumento em todos os casos. Esses resultados indicaram que os sujeitos apresentaram um aumento na capacidade de processar segmentos textuais mais longos, e consequentemente, sugerem que houve desenvolvimento da subcompetência estratégica. Isso fornece indícios de que a forma de processamento dos segmentos por parte dos sujeitos do estudo tendeu a ocorrer mais em escala macrotextual, à medida que eles progrediram no Curso de Tradução, aproximando-se às características de tradutores profissionais. Apresentando-se como um elo entre as investigações feitas por Dragsted (2004) e Rodrigues (2009), este trabalho traz dados que podem contribuir para com as pesquisas que são realizadas dentro dos estudos cognitivos da tradução, oferecendo indícios de como a competência tradutória é adquirida por diferentes sujeitos.

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Publicado

2017-09-27

Edição

Seção

Comunicações Longas Eixo Formação de Tradutores e Tradutoras