EMILIY DICKINSON POR JOSÉ LIRA E AUGUSTO DE CAMPOS: TRADUÇÕES
Resumo
O presente trabalho se propõe cotejar duas traduções de Emily Dickinson (1830-1886) We play at Paste e A sepal, petal, and a thorn feitas pelos tradutores e poetas Augusto de Campos (2008) e José Lira (2009 e 2012) buscando compreender os projetos tradutórios destes poetas tradutores. Para isso o corpus desse artigo toma como base os livros Alguns Poemas (2006) e A branca voz da solidão (2012) de José Lira que nos disponibiliza com a primeira obra um total de 256 poemas, e a segunda obra sendo também numerosa em traduções com o alcance de 245 poemas da poeta norte-americana, não havendo então repetições entre si. Num outro âmbito como composição desta discussão temos O Anticrítico (1986) e Emily Dickinson Não sou Ninguém (2008) de Augusto de Campos onde o poeta-tradutor traz na sua primeira criação dez poemas/traduções de Dickinson, o que é estendido para 45 poemas na segunda obra e com a reedição de alguns desses poemas. Para nos orientar como suporte em nossa fundamentação teórica recorremos as contribuições de Ezra Pound através do seu ABC da Literatura (2006) onde para Pound, a tradução tinha um papel formativo no percurso de um jovem poeta: com a tradição, o poeta aprenderia seu ofício, seu labor; com a tradição de outro, revificaria sua cultura, e que ainda nesses caminhos formativos é preciso saber pontuar suas aventuras apontando as atribuições da crítica da tradução. Seguimos também sob as orientações de Antoine Berman (2007), um dos primeiros estudiosos a desenvolver considerações no contexto da crítica e a história da tradução e que para tanto afirma ser este campo caracterizado como independente. Lawrence Venuti (2002) fornece-nos com seu respaldo a respeito do conceito de cânone doméstico expressando que a identidade do outro, “estrangeiro” é reconstituída através da tradução, e que esta tende a cumprir com certos aspectos típicos da cultura de recepção de tradução, fazendo então a nossa atenção voltar-se para os projetos tradutórios aqui em debate. A partir da discussão teórica e com base nos projetos tradutórios, notamos que ambos os poetas-tradutores atuam de modo engenhoso e oferecem diferentes perspectivas sobre a poeta em questão – traduzir é, em primeiro lugar ler e interpretar – tradução é, portanto, um ato criativo, que possui assim o poder inovador e até transformador, sendo necessário também observar suas complexidades. O alcance dessa análise fez-se possível através do cotejamento dos dois poemas traduzidos em comum por Campos e Lira e que primeiramente buscamos mapear as técnicas utilizadas pelos autores na tradução dos poemas e suas representatividades, bem como o questionamento de como esses autores dialogaram entre si a partir de suas escolhas tradutórias, percebendo num segundo momento e elencando os pontos relevantes, abordando as perspectivas, pensamentos, sobretudo no que afeta na construção do cânone brasileiro de Emily Dickinson e por fim na compreensão de como os projetos de Campos e Lira dialogam com o projeto da autora Emily Dickinson. No decurso do cotejo dos poemas e análise dos projetos tradutórios correspondentes compreendemos em Campos a experiência de observar sua atitude mediante o autor, a obra desse em questão e seus experimentos em traduzir o texto sem, contudo, “trair” o texto original. Sua base tradutória tem reforço em duas condições, a primeira com a técnica artística, ou o teste da sinceridade assinalado por Pound; semelhante ao posicionamento de Campos, Lira deixa-nos perceber que se ocupou “não apenas em traduzir poesia, mas em fazer poesia” numa relação de afinidade com a obra da poeta e que conduz nosso olhar sob as escolhas do conjunto de denominações que o acompanhou nesse trabalho.Downloads
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Publicado
2017-09-27
Edição
Seção
Comunicações Longas Eixo Tradução e Análise Textual