HARLEM HOPSCOTCH: TRADUÇÃO, COMENTÁRIOS E TEORIAS
Resumo
Este artigo visa a apresentar a tradução comentada do poema Harlem Hopscotch, o qual é um objeto literário que serve de análise para problematizar a questão sócio-histórica do negro norte americano, questões raciais transversais na diáspora africana, questões literárias e, principalmente, a questão performativa da escritora Maya Angelou. Tais argumentos possibilitam identificar os efeitos dos conteúdos trabalhados na construção da identidade dos indivíduos afrodiaspóricos. O poema em destaque, que está no livro Just Give me a Cool Drink of Water ‘Fore I Diiie, trata de diversas questões, mas todas, de certo modo, são transversais ao Conceito de Identidade. E para proporcionar uma análise levando em consideração tais questões, como embasamento teórico será feita referência a intelectuais que se dedicam às causas de indivíduos subalternizados, a subversão teórica, a epistemológica e, sobretudo, à práxis desses trabalhos na sociedade. A fim de refletir sobre as reverberações das principais questões suscitadas pelo poema Harlem Hopscotch, discutidas neste artigo, dialogarei com conceitos e trabalhos de autores como Stuart Hall, Gayatri Spivak, Kabengele Munanga, Achille Mbembe, Muniz Sodré e Judith Butler. Tais autores, de maneira suplementar, têm possibilitado teorizar sobre as questões ligadas às “minorias”, por adotarem, metodologicamente, uma espécie de “arqueologia” como caminho produtivo para descentralizar teorias hegemônicas que, ao elegerem seus signos como universais, acabam excluindo outros por suas diferenças. Através da literatura, mais precisamente pela presença da metáfora, o discurso do eu lírico permitirá a análise de uma série de questões culturais e identitárias características dos afrosdiàspóricos que, muitas vezes, por serem desumanizados pelo processo de subalternização, encontram na arte formas de subverter os silenciamentos cotidianos. A problemática do poema traduzido é a questão racial e suas consequências e, para analisá-lo, no tocante à alusão desse problema na realidade afrodiaspórica, em especial no Brasil e nos Estados unidos, é preciso recorrer aos enfrentamentos primeiros, ou seja, às concepções de raça e racismo e, entendendo que raça é o conceito primeiro e o racismo a consequência desta, não se pode pensar em uma sem a outra. O racismo resultante da escravidão impediu que muitas comunidades afrodiaspóricas conseguissem preservar suas práticas culturais. O Brasil, por exemplo, só conseguiu manter vivas as religiões de matrizes africanas por causa do uso de algumas estratégias. Portanto, faz-se necessário ter consciência de que assim como as estruturas racistas ganham novas formas, o combate ao racismo também deve se reinventar. Por isso, há a necessidade constante de jogo, tanto fora quanto dentro das estruturas sociais onde estão as comunidades negras. Nesse sentido, identifica-se que, através e com a literatura, Maya Angelou constrói eu líricos que conseguem alcançar dimensões para além das literárias, dimensões políticas e sociais. A construção discursiva que Angelou lança mão ao produzir os seus poemas deve ser encarado para além de uma mera representação, pois ela, como conhecedora da diversidade das questões que atravessam os negros e demais indivíduos subalternizados, não pretendeu encerrar as possibilidades de leituras proporcionadas pelos seus poemas. Pelo contrário, ela dedicou o seu trabalho para atuar contra a construção de novas formas de aprisionamento. Assim, a interpretação das questões trazidas no poema, em adição a chave metafórica do jogo, permitirão analisar a potência do discurso poético para o fazer literário performativo da escritora.Downloads
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Publicado
2017-09-27
Edição
Seção
Comunicações Longas Eixo Tradução e Literaturas não-canônicas