O PERSONAGEM MERSAULT EM L’ÉTRANGER E SUAS TRADUÇÕES FÍLMICAS

Autores

  • Gabriela de Sousa Costa

Resumo

O cinema teve como marco inicial a exibição pública dos irmãos Lumière em 1895. Exatamente seis anos depois, em 1901, o diretor e produtor britânico Walter R. Booth lança Scrooge, or Marley's Ghost baseado na obra A Crhistmas Carol (1843) de Charles Dichens. Essa é considerada a primeira adaptação para o cinema de um livro literário. Na atualidade, a influência da literatura nas produções cinematográficas continua sendo uma tendência muito forte. A quantidade de livros que vira filme é grande, indo desde obras consideradas clássicas como Os Miseráveis e O Conde de Monte Cristo, aos famosos best-seller como A Culpa é das estrelas, Crepúsculo e Código da Vinci. Este trabalho, por sua vez, traz para seu corpus analítico o romance L’étranger- O Estrangeiro- de Albert Camus (1942) e suas traduções fílmicas por Luchio Visconti (1967) e Zeki Demirkubuz (2001) com objetivo de compreender quais as estratégias que os diretores e as equipes utilizam no processo de tradução do personagem Meursault para as telas. Trazendo a compreensão de que a tradução de um romance para o cinema não é um processo fácil, sobretudo porque os diretores e suas equipes transformam signos escritos em signos visuais, de outro modo, acontece um processo de transmutação (JAKOBSON, 2003) de um meio semiótico (o livro literário sob a forma escrita) para outro meio (o filme, caracterizado pela imagem em “movimento” e a presença sonora) é que iniciaremos nossas investigações. Diferente da solidão dos escritores, o trabalho cinematográfico é construindo a muitas mãos, as escolhas e estratégias que envolvem esse processo são pensadas e discutidas coletivamente. Muitas comparações e críticas são feitas por parte do público, sobretudo, no que tange a fidelidade, pois há sempre uma expectativa que o filme não “fuja a reputação” do livro. Entretanto, partiremos da perspectiva da “tradução como um trânsito criativo de linguagem, que nada tem a ver com fidelidade” (PLAZA, 2013, p.1). Concebida nesse trabalho como uma reescrita do passado através de uma ressignificação ou reconfiguração no tempo presente, possibilitando projeções ou novas discussões no futuro. Portanto, a tradução, aqui, não será sinônimo de fidelidade ou cópia fiel, mas analisada como um segundo momento criador, uma nova construção artística. O foco desse estudo será desenvolvido, como já mencionado, a partir da análise da construção do personagem Mersault nas narrativas. Não se trata de uma escolha aleatória, mas baseada na percepção de que personagens e enredo estão entrelaçados de forma complexa e completa chegando mesmo nos dá até a impressão de que são “praticamente indissolúvel”. (CANDIDO, 2014). Por se tratar de um recorte de um estudo mais amplo, o presente estudo analisará Mersault nos primeiros momentos da narrativa: 1) quando ele soube da morte de sua mãe e 2) os momentos do funeral e enterro. Essas situações iniciais são cruciais para compreendermos um pouco como Camus vai construindo a personalidade “absurda” do personagem no romance, sua indiferença para com a vida e com a morte, e como os diretores traduziram. Desqta forma, essa análise será desenvolvida a partir dos estudos comparativos a medida que dialoga com suas duas traduções intersemióticas, mostrando não apenas analogias, mas diferenças nas estratégias tradutórias.

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Publicado

2017-09-27

Edição

Seção

Comunicações Longas Eixo Tradução Intersemiótica