AS VERSÕES ALEMÃ E FRANCESA DE "O QUINZE", DE RACHEL DE QUEIROZ: TRANSFERÊNCIAS CULTURAIS À LUZ DA TEORIA DO ESCOPO E DA TEORIA FUNCIONALISTA DA TRADUÇÃO

Autores

  • Tito Lívio Cruz Romão

Resumo

"Partindo-se da noção de “transferência cultural” proposta por Espagne (2012) como “orientação metodológica da pesquisa em história com vistas a pôr em evidência as imbricações e as mestiçagens entre os espaços nacionais ou, de modo mais geral, entre os espaços culturais”, pode-se estabelecer um diálogo entre essa noção e alguns conceitos da Teoria do Escopo de Reiss & Vermeer (1984/1991) e da metodologia de análise crítica de traduções desenvolvida por Reiss (1986). Neste trabalho, pretende-se realizar tal diálogo mediante uma análise crítica da tradução do romance “O Quinze”, de Rachel de Queiroz, em alemão e francês. Do ponto de vista metodológico, por um lado a noção de “especificidades culturais” defendida pela Teoria do Escopo (Vermeer, 1990) serve como base para o exame crítico das traduções do romance em questão. Por outro lado, o método de análise crítica de traduções de Reiss (1986), que pressupõe uma análise do texto de partida sob aspectos não apenas linguísticos, mas também extralinguísticos, ajuda a comprovar a aplicabilidade prática da Teoria do Escopo neste tipo de trabalho. Ademais, aqui também são úteis alguns conceitos extraídos da Teoria Funcionalista da Tradução, nascida sob a égide da teoria de Reiss & Vermeer (1984/1991) e posteriormente aprofundada por Nord (1988/2017). Em suas obras sobre esse tema, Nord detalha os diversos fatores que influenciam as relações entre as línguas/culturas de partida e de chegada no âmbito do ato social e comunicativo que é a tradução. No presente trabalho, a análise crítica aborda especificamente a forma e os termos com que foi traduzido, em alemão e em francês, o espaço do sertão cearense retratado originalmente por Rachel de Queiroz. No romance há um entrelaçamento de diferentes nuances relativas à linguagem local, às plantas e às comidas regionais, às expressões idiomáticas típicas etc. Graças a seu forte apelo local e regional, esses elementos representam um grande desafio tradutório. Mediante o cotejo entre a obra original e algumas soluções propostas pelos tradutores estrangeiros, este trabalho tenciona mostrar o modo como a realidade cultural do sertão cearense foi acomodada e retratada nas duas culturas e línguas de chegada supramencionadas. Nesse intuito, também se dá especial atenção às técnicas utilizadas pelos tradutores visando à explicitação das especificidades culturais, tais como explicações inseridas no texto, notas de rodapé e uso de glossários. Entre os resultados obtidos, ressalte-se que em alguns trechos das traduções elementos sertanejos são substituídos por elementos europeus, causando estranhamento a quem conhece as duas realidades.

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Publicado

2017-09-27

Edição

Seção

Comunicações Longas Eixo Tradução, Transferência Cultural e Circulação