ITENS CULTURAIS ESPECÍFICOS NA TRADUÇÃO DE RILKE SHAKE, DE ANGÉLICA FREITAS, PARA O ALEMÃO

Autores

  • Janicleide Lima de Alencar
  • Wiebke Röben de Alencar Xavier

Resumo

O livro de poemas Rilke shake, da gaúcha Angélica Freitas, foi traduzido para o alemão por Odile Kennel e publicado pela editora luxbooks dentro da coleção latin em 2011. Nessa publicação, além de poemas da primeira edição em português (Freitas, Rilke shake, 2007), foram acrescidos poemas publicados em revistas tanto no Brasil como em Portugal. O presente trabalho tem como objetivo analisar as tendências à conservação ou à naturalização apresentadas no processo tradutório referentes ao tratamento dos itens culturais específicos. A tendência à conservação está relacionada à produção de opacidade na língua alvo, onde a língua fonte é tratada com respeito, sem causar, no entanto, problemas à clareza do texto. Quanto à naturalização, ela pode representar uma adaptação da língua fonte como fator negativo, assim como funcionar como alternativa inevitável nos casos em que a conservação geraria obstrução na compreensão textual. Devido à assimetria cultural existente entre duas ou mais comunidades linguísticas, os itens culturais específicos forçam o tradutor a fazer escolhas que dependem de inúmeros fatores correlacionados ao processo tradutório (AIXELÁ, 2013). Analisam-se no livro Rilke shake em alemão os itens culturais específicos dentro das seguintes categorias: 1) nomes próprios; 2) nomes ou expressões comuns; 3) itens textuais ou intratextuais. Na categoria 1 referente a nomes próprios tanto de pessoas reais como históricas ou fictícias, observa-se tendência à conservação. Por exemplo, no poema prólogo que abre o livro, os nomes béla bartók, rita lee, strawinski, klaus kinski, karabtchvesky, joseph brodsky (pp.8-9) são trazidos com a mesma ortografia da língua fonte para a língua alvo, sendo todos marcados com iniciais minúsculas, procedimento que ocorrerá com todos os nomes referentes a pessoas que aparecem na obra. A tendência à conservação, assim como a grafia de nomes próprios com iniciais minúsculas se observa nos nomes próprios referentes a lugares, sejam cidades, países, nomes de ruas, de rios ou logradouros públicos. Por exemplo: porto de santos (pp. 18-19), jardin du luxembourg (pp. 34-35) ou praça matriz (pp. 66-67) são transferidos sem alterações para a língua alvo. Nomes de instituições tais como hotéis, clubes, praças, igrejas, catedrais, jornais, revistas, festivais e bandas musicais também apresentam tendência à conservação. Na categoria 2 de nomes e expressões comuns, observa-se tendência à conservação em todos os nomes e expressões de origem estrangeira, por exemplo: one two three (pp.10-11) ou february mon amour (pp. 74-75). Ainda nessa categoria há nomes referentes a objetos ou alimentos acompanhados de tipificação ou logomarcas onde se vê tendência à naturalização, como no exemplo: pistola automática (LF)-smith & wesson (LA) (pp. 22-23) ou chiclete adams (LF) - wrigley’s spearmint (LA) (pp. 70-71). As expressões relativas à mensuração também são naturalizadas. Na categoria 3 referente aos itens textuais ou intratextuais, verifica-se tendência à naturalização na maioria das ocorrências. Com base nesses dados, discutir-se-á a escolha dessas estratégias e suas motivações dentro das categorias mencionadas na tradução de Rilke shake para o alemão.

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Publicado

2017-09-27

Edição

Seção

Comunicações Longas Eixo Tradução, Transferência Cultural e Circulação