FÃ-TRADUÇÃO E TRADUÇÃO OFICIAL NA NARRATIVA DE JOGOS VORAZES

Autores

  • Melina Cezar Merêncio Galdino
  • Marta Pragana Dantas

Resumo

Seguindo o modelo de tradução amadora voltada para divulgação de notícias para fins humanitários, a fã-tradução, surgiu inicialmente como forma de reação as censuras realizadas pelos canais oficiais nas obras traduzidas. Praticada por indivíduos interessados em compartilhar mídias e outros trabalhos que, de outra forma, não chegariam ao nosso meio, a fã-tradução se tornou recorrente sendo praticamente indispensável para vários grupos de fãs espalhados pelo mundo. Ela serve como uma ferramenta de divulgação de obras e notícias relacionadas ao seu objeto de admiração, sendo realizada por pessoas que, geralmente, não recebem qualquer tipo de compensação financeira. No mercado editorial, a fã-tradução oferece a fãs em potencial um modo acessível e gratuito de descobrir obras pouco conhecidas e acompanhar outras que, dificilmente, seriam traduzidas para a língua desse leitor. Ou seja, a fã-tradução dá ao leitor desconhecedor de uma língua estrangeira a possibilidade de fruição de uma obra que, de outra forma, estaria longe de seu alcance. Essa forma de tradução ganhou espaço e notoriedade, suprindo uma lacuna que as editoras não conseguem preencher (ou não têm interesse). Dessa forma, o presente trabalho se propõe a analisar uma tradução realizada por fãs, relacionando-a com a sua tradução oficial, observando similitudes e diferenças, bem como estratégias tradutórias utilizadas pelos tradutores responsáveis. Para tanto, o corpus do trabalho é composto pela tradução oficial e pela fã-tradução do best-seller distópico Jogos Vorazes (The Hunger Games) de autoria da estadunidense Suzanne Collins. Os dois textos serão analisados à luz da definição de Lawrence Venuti (2002, 2004) sobre a invisibilidade do tradutor na obra traduzida e também das estratégias de domesticação e estrangeirização que caracterizam, em diferentes graus, as traduções. O resultado do trabalho mostra que, a fã-tradução não segue um caminho certo, não possui uma estratégia fixa, mas está caoticamente domesticando e estrangeirizando seu texto, ao passo de que a tradução oficial opta por uma domesticação geral, mantendo-se perto da cultura de chegada, uniformizando a narrativa.

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Publicado

2017-09-27

Edição

Seção

Comunicações Longas Eixo Tradução, Transferência Cultural e Circulação