AS RETRADUÇÕES DE MRS. DALLOWAY: UMA ANÁLISE COMPARATIVA

Autores

  • Myllena Ribeiro Lacerda

Resumo

Esta pesquisa buscou analisar brevemente as traduções de Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf, publicadas no Brasil. O objetivo foi investigar as relações existentes entre o tradutor/autor Mario Quintana e as retraduções, além de analisar criticamente a tradução da obra de Virginia Woolf, publicada pela Editora Globo de Porto Alegre, em 1946. Dessa forma, desenvolveu-se um estudo comparativo dos paratextos editoriais e uma análise crítica da tradução e suas retraduções, lançadas em 2012. O objetivo dessa pesquisa, portanto, foi investigar como e se isso influenciou a recepção da obra no Brasil, sua legitimação no cânone brasileiro, e em que medida as retraduções se diferenciam daquela publicada por Quintana e, portanto, acrescentar à história da tradução no Brasil. A partir do modelo proposto por Marie-Hélène Catherine Torres (2011), conduziu-se a análise dos paratextos das edições de Mrs. Dalloway publicadas no Brasil até o momento. Para compor o corpus, além da primeira edição lançada pela Editora Globo de Porto Alegre pela Coleção Nobel, foram também escolhidas as edições lançadas pela editora Autêntica, Coleção MIMO; Cosac Naify, Coleção Mulheres Modernistas; e LP&M de bolso, em 2012 a fim de traçar um paralelo entre a edição de 1946 e as de 2012. Com isso, analisamos a tradução proposta por Quintana e as retraduções de Tadeu, Marcondes e Bottmann a partir de trechos selecionados tendo em vista, principalmente, o modelo de análise crítica proposto por Antoine Berman (1995). Ao analisar as obras lançadas no Brasil, foi possível observar que a edição de 1946 é mais sucinta do que aquelas publicadas em 2012, apresentando apenas capa, contra-capa, título e apresentação da Coleção Nobel, enquanto que edições mais recentes, especialmente a da editora Autêntica, apresentam introduções, índices, mapas, prefácios e posfácios. Apesar disso, verificou-se a importância dos projetos de tradução cuidadosamente lançados pela Editora Globo nas décadas de 30 e 40 para a formação do leitor brasileiro e para a legitimação das obras inseridas no sistema literário do Brasil, sendo parte fundamental da história da tradução no país. A respeito da primeira tradução, observamos que Mario Quintana opta por recursos tradutórios que mantêm axiônimos e topônimos em inglês, por exemplo. Mantêm, também, as muitas repetições de palavras, pontuação, interrupções de pensamento das personagens e o ritmo que compuseram o fluxo de consciência do texto de Virginia Woolf, parte fundamental na obra. Da análise comparativa entre as três edições, foi possível perceber que a escolha de autores/tradutores suscita a visibilidade do tradutor e da obra, além de influenciar a recepção no Brasil. Constatamos ainda que a escolha de autores/tradutores nas décadas de 30 e 40 contribuiu para a consolidação do sistema literário brasileiro e legitimou a tradução, dando ainda mais importância às obras estrangeiras que eram aqui introduzidas."

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Publicado

2017-09-27

Edição

Seção

Comunicações Breves Eixo História e Historiografia da Tradução