AS MULHERES DE TRINTA ANOS: TRADUÇÕES BRASILEIRAS DE BALZAC

Autores

  • Natália Oásis de Oliveira
  • Germana Henriques Pereira

Resumo

Introdução Esta pesquisa se insere no projeto “Tradução e sistema literário – história da tradução no Brasil: a tradução dos clássicos e os escritores/tradutores” que visa investigar a relação entre a literatura nacional e a literatura traduzida a partir da análise da tradução de obras literárias canônicas da literatura ocidental feita por escritores brasileiros, por meio do estudo dos textos de acompanhamento (capas, títulos, prefácios, posfácios, notas e glossários) e da análise crítica da obra traduzida (estilo, pontuação, léxico, transferências culturais). Pretende-se, com o estudo histórico das obras traduzidas por grandes escritores, contribuir para a história da tradução no Brasil. Metodologia Neste plano de trabalho, realizamos o estudo das traduções do romance de Balzac, La femme de trente ans, publicado em 1842. Analisamos a tradução de Rachel de Queiroz, publicada em 1948 pela livraria e editora José Olympio, cotejada, primeiramente, com a tradução de Wilson Lousada e Casimiro Fernandes, publicada pela Editora da Livraria do Globo no mesmo ano, com revisão, prefácio e notas de Paulo Rónai. Posteriormente, comparamos esta última com uma edição “definitiva” publicada pela Editora Globo sob o selo Biblioteca Azul em 2012. Por fim, todas essas traduções citadas foram comparadas à edição de 2011 da tradução de Paulo Neves publicada pela LP&M. Os aspectos morfológicos e discursos de acompanhamento foram comparados de acordo com a proposta de Marie-Hélène Torres presente no livro Traduzir o Brasil Literário: Paratexto e discurso de acompanhamento, 2011. Além disso, buscamos erigir um perfil dos tradutores e de seus projetos de tradução seguindo o que Berman propôs em Pour une critique des traduction: John Donne (1995). Resultados Em primeiro lugar, a análise dos aspectos morfológicos e discursos de acompanhamento possibilitou constatar que a edição da tradução da escritora Raquel de Queiroz (1948), apesar de ser assumida e legitimada por seu nome na capa, é bem sucinta e não apresenta paratextos. Por sua vez, a de Wilson Lousada e Casimiro Fernandes, tanto na edição de 1948 quanto na de 2012, só apresentam seus nomes na folha de rosto, mas trazem introdução e notas de Paulo Ronai, além de ilustrações e um elogio fúnebre, na primeira edição, e nota dos editores na segunda. Característica semelhante pode ser observada na edição de 2012 da tradução de Paulo Neves, pois embora seu nome só apareça na folha de rosto possui introdução e apresentação feitas pelo editor Ivan Pinheiro Machado. Posteriormente, ao analisar um excerto, foi possível observar diferenças nas estratégias dos tradutores, Rachel de Queiroz permanece próxima ao original, preservando aspectos formais, tipográficos e estilísticos, enquanto Wilson Lousada e Casimiro Fernandes modificam a organização de parágrafos e períodos. Já a tradução de Paulo Neves mantém a estrutura, mas não fica tão próximo ao texto quanto a de Raquel de Queiroz. Discussão Com essa pesquisa foi possível observar as estratégias dos tradutores em relação à tradução do romance La femme de trente ans de Balzac. Após a primeira tradução, quando a obra é apresentada ao público brasileiro em português por meio da tradução da escritora Rachel de Queiroz, vê-se paradoxalmente que as traduções posteriores são apresentadas em edições que possuem mais paratextos, ou seja, há um maior cuidado da editora com a crítica em torno da obra. A análise resultou na elaboração de um artigo com vistas à publicação. Pretende-se também dar continuidade à pesquisa em 2016-2017 para aprofundar a questão da retradução dessa mesma obra, verificando se a tradução da escritora Rachel de Queiroz foi base para alguma tradução posterior, para isso outras duas traduções foram inseridas no corpus.

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Publicado

2017-09-27

Edição

Seção

Comunicações Breves Eixo História e Historiografia da Tradução