AUTORES ESCOCESES CONTEMPORÂNEOS EM TRADUÇÃO – VARIAÇÃO LINGUÍSTICA OU ESTILO.

Autores

  • Luis Felipe Rhoden Freitas

Resumo

O inglês da Escócia, entre suas variantes, possui elementos de outras línguas também faladas no país, como o scots e o gaélico escocês. Além disso, há variantes que são mais identificadas por serem faladas nas grandes cidades, como Edinburgh e Glasgow. Alguns escritores escoceses contemporâneos, como Irvine Welsh e James Kelman, entre outros, registram em suas obras a língua do lugar que vivem. Welsh, que escreve em “Edinburgh Scots dialect”, é bastante renomado, tendo ficado conhecido pelo romance Trainspotting (1993). O romance de Welsh foi adaptado para o cinema pelo diretor Danny Boyle e em 1996 chegou às telas brasileiras tendo alcançado razoável sucesso de crítica e audiência. James Kelman, que escreve em “Glaswegian workingclass dialect”, por outro lado, é praticamente desconhecido do público brasileiro, pois nunca foi traduzido para o português. Estes escritores fazem parte de um grupo de autores de ficção que alguns teóricos e críticos literários chamam de Scottish Renaissance, termo que se aplica inicialmente a uma geração de escritores escoceses da década de 1920, mas que é retomado para se referir a autores mais contemporâneos, que estão colocando a literatura escocesa atual no mapa da literatura anglófona mundial (MCGUIRE, 2009). Apesar desse reconhecimento, há muito pouco desses autores traduzido para o português. Embora discutir-se as razões pelas quais apenas algumas obras chegam até nós seja sempre um tema interessante para produzir um estudo mais abrangente, nosso foco nesse trabalho é o próprio texto em tradução. O objetivo deste trabalho, portanto, é apresentar alguns excertos de algumas obras desses autores para discutir possibilidades de tradução para o português sem que o registro das variantes em que eles escrevem seja simplesmente ignorado. Levamos em consideração a reflexão de Britto (2016) que postula que o tradutor deve saber reconhecer quais as palavras consideradas pelos nativos como comuns, não marcadas, isto é, as palavras que eram de se esperar naquele contexto específico, e quais as que são inesperadas, até mesmo impróprias no contexto. A impropriedade e o erro, lembra-nos Britto, são recursos frequentemente utilizados pelos autores e por isso esses registros possuem valor, isto é, são intencionais. Serão apresentados trechos de Trainspotting (1993), de Irvine Welsh, e sua tradução para o português (2004), por Daniel Galera e Daniel Pelizzari, trechos de Filth (1998), também de Welsh, e de duas obras de James Kelman, The Busconductor Hines (1984) e You Have to be Careful in the Land of the Free (2004), estes três últimos sem tradução para o português. Utilizaremos as noções abrangentes da sociolinguística para identificação das variações e sua significação no contexto para a tomada de decisão sobre o que pode ser domesticado e o que merece uma solução tradutória diferenciada, mais criativa ou inventiva. Também são levadas em consideração algumas observações como as realizadas por Hanes (2013) e Paganine & Fonseca (2015) sobre como a variação linguística é tratada, em exemplos analisados em seus respectivos estudos, na tradução literária. Os resultados apresentados para o nosso trabalho, isto é, as soluções tradutórias propostas pretendem contribuir com a discussão que vem tomando mais volume nos últimos anos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Downloads

Publicado

2017-09-27

Edição

Seção

Comunicações Breves Eixo Tradução e Análise Textual