A ADAPTAÇÃO PARA O PÚBLICO INFANTOJUVENIL VISTA COMO UMA FORMA DE EMPOBRECIMENTO DO TEXTO ORIGINAL: O CASO DA ADAPTAÇÃO LOBATIANA DE PETER PAN
Resumo
O presente trabalho consiste na divulgação do resultado das investigações realizadas por Lima em sua monografia defendida em 2015 no curso de Letras Vernáculas da Universidade Federal da Bahia, orientada pela professora doutora Mônica de Menezes Santos e intitulada A adaptação de Peter Pan para o público infantojuvenil brasileiro: uma simplificação do texto original?, na qual a autora analisou se a escolha de Monteiro Lobato de não apenas traduzir a obra de J. M. M. Barrie, mas também adaptá-la, levando em conta aspectos da nacionalidade brasileira, recai em uma questão apontada por Amorim (2005), no livro Tradução e adaptação: encruzilhadas da textualidade em Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol, e Kim, de Rudyard Kipling, no qual o autor afirma que o conceito de adaptação das reescritas voltadas para o público infantojuvenil é comumente visto por tradutores e estudiosos da literatura como uma forma de simplificar ou empobrecer os textos originais. O trabalho é relevante na medida em que foi Lobato quem apresentou o clássico Peter Pan, de J. M. M. Barrie, ao público infantojuvenil brasileiro. Lançado em 1904, o livro chegou ao Brasil, através da adaptação homônima feita por Monteiro Lobato, em 1930. Além disso, é válido discutir o viés de adaptador de Monteiro Lobato, pouco abordado nos trabalhos acadêmicos, tendo em vista que o foco da grande maioria das dissertações e teses sobre o autor é apresentá-lo como criador de um novo modo de fazer literatura infantil e juvenil no Brasil, deixando a análise das suas obras adaptadas em segundo plano. A monografia de Lima (2015) mostrou que a adaptação lobatiana não simplifica ou empobrece a obra de Barrie – apresenta, apenas, aspectos que a diferenciam do clássico original. São eles: o cenário e a linguagem, que passam por mudanças para que tenham relação com a realidade do público infantojuvenil brasileiro, e a desvalorização da cultura oral, popular e negra, que foi problematizada através de um viés que mostra que Lobato hierarquiza os elementos dispostos por ele no Sítio do Picapau Amarelo, que funciona como um espaço de representação do Brasil. O estudo explicitou que, no Brasil forjado por Lobato, os saberes adquiridos pela cultura livresca e difundidos no Sítio através da narração, pela personagem Dona Benta, de obras majoritariamente europeias, utilizadas para divertir e formar as crianças, é mais relevante, para esse público ouvinte, do que os saberes da cultura popular, oral e negra brasileira. Foi problematizado, também, o espaço destinado às personagens negras na obra lobatiana, chegando-se à conclusão que, no Brasil forjado pelo autor, há uma imobilidade que não permite à Tia Nastácia ocupar outro lugar senão a cozinha – menos ainda um lugar de produtora de saberes. Para chegar às conclusões apresentadas acima, foram realizados os seguintes passos: discutiram-se questões próprias da tradução e adaptação para o público infantojuvenil – o que culminou na apresentação uma breve definição sobre adaptação; em seguida, foram realizadas a análise e a comparação das obras de Barrie e de Lobato, a fim de fazer emergir as diferenças e semelhanças entre as obras; e, por fim, aprofundou-se a análise dos três aspectos constituintes de diferença presentes na adaptação de Lobato.Downloads
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Publicado
2017-09-27
Edição
Seção
Comunicações Breves Eixo Tradução e Análise Textual