AS TRADUÇÕES DE VEJAMEN E DE EXCLAMACIONES PARA A LÍNGUA PORTUGUESA: DAS FONTES E DE ALGUMAS REFLEXÕES FUNDAMENTAIS

Autores

  • Maria Graciele de Lima

Resumo

As obras Vejamen e Exclamaciones foram traduzidas para a língua portuguesa e publicadas pelas Edições Loyola no volume intitulado Obras Completas: Teresa de Jesus (2009), traduzidas por Adail Ubirajara Sobral et al e dirigidas por Pe. Gabriel C. Galache. No caso de Exclamaciones (conjunto de dezessete textos meditativos em forma de solilóquios), é possível também encontrar uma edição comemorativa dos 500 anos de nascimento da autora (2015) pela editora Cultor de Livros, sob a organização de Maria Isabel Gonçalves. No entanto, nesta última, não há indicação de quem realizou a tradução e nem há textos de apresentação ou introdução. Trata-se de uma edição bilíngue, tendo como texto de partida, a edição de Frey Luis de León (1588), primeiro editor das obras de Teresa d’Ávila. Tanto a tradução de Exclamaciones quanto a de Vejamen (carta de crítica literária ao modo dos gallos, festivais de poesia próprios do Siglo de Oro espanhol, nas universidades da Espanha) deixam interrogações sobre suas fontes, já que os autógrafos são tidos como perdidos (Exclamaciones) ou fragmentados (Vejamen). Esses dois escritos fazem parte do conjunto das chamadas Obras Menores de Teresa d’Ávila (1515-1582), monja fundadora da Ordem das Carmelitas Descalças, na Espanha. As Obras Maiores são aquelas que trazem o pensamento místico teresiano (Libro de la Vida, Camino de Perfección e Moradas del Castillo Interior: Livro da Vida, Caminho de Perfeição e Moradas do Castelo Interior, respectivamente) e as menores são, além das enfocadas no presente trabalho, os poemas, as cartas, entre outros escritos fragmentados. A partir dessas informações, importa suscitar discussões dentro dos estudos da tradução e dos estudos literários a respeito das implicações resultantes desse tratamento dado a Exclamaciones e a Vejamen. Tais implicações estão relacionadas não apenas às lacunas que nascem do não acesso aos textos originais, mas também à formação da imagem da escritora para os que leem e estudam seus escritos em língua portuguesa. Considerando estes pontos de vista, esta comunicação também se volta para a problematização da formação da imagem das obras teresianas (e também da imagem da própria Teresa d’Ávila), já que é incomum, por exemplo, considerar os escritos da espanhola como sendo de caráter literário. A fim de desenvolver as referidas discussões, o trabalho de Tomás Álvares e Rafael Pascual, no volume V da coleção Estudios Teresianos, (Estudos Teresianos) intitulado Autógrafos: ubicación y contenido (Autógrafos: localização e conteúdo), publicado em 2014, servirá de base para tratar da situação atual das fontes teresianas. Também serão desenvolvidos alguns pareceres a partir das contribuições de André Lefevere, em seu trabalho chamado Tradução, reescrita e manipulação da fama literária (2007) para considerar os caminhos de formação da imagem de Teresa d’Ávila e de sua obra. Além disso, o texto Cânon (1992) de Roberto Reis será o apoio na problematização da ideia de escritos conventuais ao serem reclamados como arte literária. Espera-se, portanto, a partir das discussões aqui propostas, provocar o alargamento das compreensões sobre os escritos teresianos, sobre os desafios de traduzir e estudar obras escritas há tantos séculos e que não foram devidamente conservadas. É de fundamental importância ainda, a partir desta comunicação, problematizar a cristalização da imagem de obras e escritores/escritoras, bem como, considerando os escritos teresianos aqui destacados, sua exclusão do cânone literário ocidental.

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Publicado

2017-09-27

Edição

Seção

Comunicações Breves Tradução e Literaturas Não-Canônicas